📚 José Carlos Vieira – Recepção por Ronald Fiuza

AJL – Recepção de José Carlos Vieira

Ronald Fiuza

Senhora Presidente da Academia Joinvilense de Letras, Ac. Maria Cristina Dias!

Eu queria começar saudando os demais componentes da mesa, saudando as autoridades, os amigos e parentes dos acadêmicos que hoje tomam posse e todos que nos acompanham, ao vivo ou virtualmente, quase no final de um ano tão estranho, ano que nos fez curvar diante de seu flagelo, que nos trouxe muitas vezes sofrimento, algumas vezes alívio e sempre perplexidade, diante da natureza e diante dos homens.

Senhores acadêmicos das letras de Joinville!

Eu desejo expressar a alegria e a honra que tenho ao agora apresentar e recepcionar José Carlos Vieira, conhecido engenheiro e homem público, amigo meu de longa data. Ele assume hoje a cadeira número 4 da Academia Joinvilense de Letras, cadeira que tem como patrono o jornalista Aurino Soares e como fundador um outro amigo, o saudoso Miraci Deretti.

Eu poderia começar testemunhando a competência do engenheiro José Carlos, já que ele construiu com maestria a minha casa, onde ainda hoje moram meu filho e minhas netas. Mas esta competência já é por demais reconhecida pelos seus pares e pela comunidade.

Prefiro apresentar o homem, aquele de cultura universal, o homem cuja vida intensamente vivida o transformou também em professor, em líder, em homem público e em escritor.

Conheço José Carlos há quase meio século. Conheci sua família primeiro como médico, depois como amigo. Tenho em seu irmão José Aluísio (o Dr. Xuxo) um grande colega, confrade na Academia Catarinense de Medicina e companheiro perene de tantas lutas. Na intimidade desta família eu pude sentir a alegria e o afeto que emanava da casa dos Vieira.

Seu pai José Vieira foi um homem sorridente e dócil, um profissional cuja dedicação ao trabalho foi notável. Com toda justiça, recebeu do SESI o título de “Operário Padrão de Joinville”.  Sua mãe, a conhecidíssima Professora Herondina, foi uma senhora dinâmica e alegre, que virou ícone em nossa cidade. Sempre em sua bicicleta, lecionou nas redes do estado e do município durante 45 anos. Era amada pelos alunos e admirada por todos. Tornou-se Cidadã Benemérita de Joinville e foi também homenageada pela Assembleia Legislativa do Estado. José Carlos herdou do pai o encanto pela música e pela poesia e da mãe o gosto pela literatura. De ambos herdou o bom humor.

Depois de formado em Engenharia Civil, José Carlos continuou a estudar, completando uma pós-graduação em Física e outra em Planejamento e Gerenciamento.

O interesse contínuo pelos estudos desaguaram em uma carreira de professor. Depois de lecionar para o ensino médio, foi Professor Titular da Faculdade de Engenharia de Joinville, onde chegou a coordenador do Departamento de Engenharia Civil.

Despontou então como líder de classe, tendo sido presidente do Sindicato das Empresas de Construção Civil e conselheiro da Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ).

Sua liderança, seu gênio aglutinador e sua capacidade gerencial acabaram levando-o para a vida pública. Foi presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Joinville (IPUJ) e da Fundação Universitária da Região de Joinville (FURJ).

Definitivamente envolvido com a coisa pública, foi importante político, tendo sido Secretário do Planejamento, Secretário do Meio Ambiente e Agricultura, Presidente da CASAN, Vice prefeito de Joinville, Deputado Estadual e Deputado Federal por quatro legislaturas!

Esta grande experiência de vida deveria ser compartilhada. Foi quando José Carlos se tornou escritor. No primeiro livro, Descentralização e Desconcentração ele resgata o estilo do diálogo socrático para convidar o leitor a uma conversa com Luiz Henrique da Silveira. Este colóquio leva o leitor a refletir sobre estratégias de governo e conclui em uma proposta de emenda à Constituição. Já o segundo livro, Felicidade Sustentável, aborda em profundidade os temas do título. Ali estão os ensinamentos de filósofos, religiosos, escritores e psicólogos. De posse da noção de felicidade, ele meandra pelas ruas das cidades, tentando descobrir como as pessoas podem se valer dos locais onde moram para alcançar um fim maior, que é uma vida mais feliz.

É com esta rica vivência, caros acadêmicos, que José Carlos Vieira vai contribuir para o engrandecimento da nossa Academia. Em uma época em que a literatura de não ficção se firma cada vez mais como importante gênero literário, o corpo acadêmico se torna mais denso com a sua chegada.

Acadêmico José Carlos Vieira, meu amigo José Carlos

Nós te recepcionamos hoje lembrando que a história das academias começou em Atenas, na Grécia Antiga. Em um amplo jardim na periferia da cidade, Platão caminhava com seus alunos e ensinava filosofia. Ali havia uma estátua do herói Akademus, de onde surgiu o nome “academia”. Havia também um templo à deusa Atena. Como os deuses eram imortais, os acadêmicos passaram também a ser assim considerados, até porque seriam sempre lembrados, por suas obras.

O casamento dessa concepção com a literatura só ocorreu no século XVII, quando o Cardeal Richelieu reuniu em Paris as pessoas de maior destaque em assuntos da língua francesa e fundou a Academie Française. Seus 40 “imortais”, sempre eleitos pelos pares, constituíram um modelo para outras academias literárias mundo afora.

No Brasil, Machado de Assis liderou a formação da Academia Brasileira de Letras no século XIX, acompanhado de escritores da estirpe de Olavo Bilac, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e outros. Tornou-se referência e é uma entidade poderosa, admirada por todos.

Já em Joinville, foi Adolfo Schneider que inspirou a construção desta casa. Nos moldes das francesa e brasileira, a Academia Joinvilense de Letras tem o objetivo de promover o desenvolvimento da literatura brasileira e da língua portuguesa, com enfoque regional. Em 2019 a AJL fez 50 anos. Dos membros fundadores, ainda estão conosco Carlos Adauto Vieira, Alcides Buss, Apolinário Ternes, Hilton Görresen, Irmã Cleia e Raquel S. Thiago. Eles e os outros que hoje dão vida a esta Academia estamos felizes em receber os acadêmicos que hoje tomam posse.

Acadêmico José Carlos,

Precisamos de você para concretizarmos o sonho dos fundadores, que se tornou um sonho de todos nós.

Aqui você encontrará grandes escritores. Aqui encontrará grandes almas.

Esta é uma casa de amigos.

Seja bem-vindo.

Ac. Ronald Fiuza

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