A pobreza com seus fardos pesados

Queria, neste domingo, escrever algo mais bonito, que lembrasse paisagens mais luxuriantes, um vinho no almoço, um prato a gosto. Mas não posso, leitor. Em São Paulo, palco de tantas tragédias urbanas, uma delas vem emporcalhar e denegrir o ser humano. Sabe-se que no Brasil os colarinhos brancos não vão para a cadeia; os corruptos assistem de cadeira ao fruto podre de suas falcatruas e vão por aí por caminhos enviesados e indignos. Agora mesmo, na capital paulista, uma pobre empregada doméstica, com cinco filhos, no vórtice da miséria, marido desempregado, por ter roubado uma cabeça de alho, uma lata de óleo, foi parar num “cadeião” com perigosos marginais e traficantes. Que justiça é esse leitor? Parece que estou repetindo a leitura de um romance de Victor Hugo. Realidade e ficção se juntam. Com igual tragédia e indignidade do ser humano. Incapaz do amor e da solidariedade para os humilhados e ofendidos.

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