Ac. David leu “A casa do silêncio”, de Orhan Pamuk

 

Prêmio Nobel de Literatura em 2006. Nasceu em Istambul em 1952. Um dos primeiros autores a falar abertamente sobre o massacre de armênios promovido pela Turquia no início do século XX.

“A casa do silêncio”, romance pródigo em passagens comoventes, hilariantes e por vezes amedrontadoras, pulsa com o entusiasmo próprio de um trabalho de juventude, ao mesmo tempo que traz provas evidentes do talento e da maturidade que mais tarde seriam reconhecidos em todo o mundo e valeriam a Orhan Pamuk o prêmio Nobel.

Cada capítulo é narrado em primeira pessoa por um dos personagens, alternando-se. O caleidoscópio de vozes que surge daí desenha um mapa não apenas de gerações, mas também de forças sociais em conflito. Reflete a turbulência da Turquia, governada entre 1980 e 1983 pelas Forças Armadas. Os Estados Unidos e a União Soviética ofereciam modelos de sociedade contrastantes, e naquele momento a Turquia representava uma peça decisiva no tabuleiro da Guerra fria.

A geração de jovens deve se opor as preferências por capitalismo ou socialismo a uma tradição nacional milenar em crise, evidente na visão dos mais velhos e mesmo no momento em que se passa a história, uma casa grande que já viveu dias gloriosos, mas está em ruínas e rodeada por uma cidade de veraneio em processo de gentrificação.

Numa mansão decadente de uma vila na costa da Turquia, a viúva envelhecida espera a visita de seus netos. Acamada, ela é assistida pelo solícito anão Recep, filho ilegítimo de seu falecido marido. Ambos dividem memórias e dores do passado.

Resenha de David Gonçalves

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