Ac Fiuza leu “pequenos grandes” livros

Mini-resenhas de grandes livrinhos

 

Depois de semanas debruçado nas mil páginas de David Copperfield, os próximos livros deveriam ser curtos.

Foi uma cascata de livros que desfilaram na minha frente, sem fio que os conectasse.

Comecei por Bertrand Russel, que é amigo antigo. Li suas “Dúvidas Filosóficas” em uma sentada. É mais um artigo que um livro, no qual ele mostra sua angústia na busca do conhecimento e aponta a importância de diferenciar a filosofia da ciência. Por fim adverte sobre o papel da palavra, que pode nos conduzir ou, se mal empregada, nos destruir.

A seguir enfrentei um grande desafio. Há anos eu decidira que algum dia leria Paulo Coelho. Apesar das advertências, eu argumentava que não é pouco ser o autor mais lido da língua portuguesa. Eu me propus então a, desarmado, procurar o encanto do seu “O alquimista”. Realmente, o livro não é bom. O estilo é desinteressante e a trama é chata. Traz alguma mensagens bonitinhas, apelando para o místico que há dentro de nós. Pelo menos é pequeno.

Realizei então um desejo antigo. Li o fabuloso livrinho de George Orwell “A revolução dos bichos”, que conta a história de um grupo de animais que toma o poder em uma fazenda. Eles planejam implantar lá uma sociedade igualitária, mas os planos fazem água com as ambições de dois porcos totalitários. A fábula foi escrita em 1945 e satirizou o stalinismo soviético.

Li a seguir “Como o fascismo funciona”, do filósofo americano Jason Stanley. É um ensaio sobre as práticas absurdas que Hitler e Mussolini usaram com maestria e que se repetem na história, até os dias de hoje. Didaticamente o autor nos mostra como um líder forte conduz incautos seguidores a crer em um passado mítico e a concluir que os inimigos deste passado o estavam destruindo. É assustadora a constatação de como mentiras repetidas podem sequestrar mentes de pessoas normais.

Para retornar à humanidade, reli os “Analectos” de Confucio. São pequenas pérolas de sabedoria. Cinco séculos antes de Cristo, Confúcio nos legou a Regra de Ouro: “Não faça aos outros o que não deseja que façam a você”. Seus conselhos aos discípulo se baseiam na justiça e na benevolência. Procurando salientar o lado humano de cada um de nós, o filósofo chinês nos conduz ao altruísmo, à sabedoria moral, à fidelidade (inclusive filial) e à honradez. Como o mundo seria melhor se todos fossem confucianos.

Estou agora terminando outra releitura de um livro bem pequeno: as “Memórias Inventadas”, de Manoel de Barros.  É um passeio maroto e encantado pela infância do poeta. Encanto total! É um poeta maior, arrebatador. É o ar puro em momento de sufoco. Não quero que termine!

 

Ronald Fiuza

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