Alessandro Machado – Discurso de posse

Cumprimento o Sr.Milton Maciel, digníssimo Presidente da Academia Joinvilense de Letras, e em seu nome a todas as autoridades da mesa e a demais presentes.

Senhores e senhoras,

Hoje é uma data especial. Este 27 de outubro desnuda um profícuo futuro em prol da arte literária, onde três novos membros, entre eles o signatário, têm a honra e a alegria de ingressar em tão seleto e qualificado grupo.

A mim coube assumir a cadeira do saudoso jornalista, escritor, editor e pesquisador histórico Waldemar Luz. Sim, digo assumir, pois não há como definir substituição para algo que em sua memória e obras tornou-se imortal.

Waldemar Luz, um palhocense nascido em 12 de julho de 1900, foi cidadão de diversos municípios catarinenses. Destacou-se como um dos jornalistas mais influentes de Santa Catarina, sendo admirado e respeitado tanto no meio político como cultural.

Em sua cidade natal, foi prefeito e construiu uma obra de caráter histórico, “Muitos Contam sua Terra – Um Histórico sobre o Município de Palhoça”, livro publicado em 1981 e que é referência de pesquisa na região.

Em Corupá foi dono do jornal “Hansa” e anos depois, já em Joinville, lançou-se na carreira de editor, publicando a Revista Mensal Ilustrada “Vida Nova”, com publicação ininterrupta entre setembro de 1948 a setembro de 1951. Ainda em Joinville, atuou como escritor e jornalista no jornal “A Notícia” e publicou a obra “Quem foi que cooperou para o progresso de Joinville nos velhos tempos”, publicada em 1983.

Sua ânsia por registrar resgates da história o levou, por influência de seu genro a ser co-autor do livro “ Cinquentenário da colonização de Ituporanga”, em 1962, sendo considerada a maior obra histórica daquele município.

No ano de 1969, quando a Academia Joinvilense de Letras ainda estava em sua fase embrionária, publicou um artigo no Jornal de Joinville, recordando a necessidade de não se esquecer de perpetuar a memória do jornalista, escritor, teatrólogo e orador, José dos Santos de Diniz Martins, sendo este então acolhido como um dos 40 patronos da AJL.

Em 7 de dezembro de 1972,  “ o Jornalista da História” aceitou fazer parte dos membros fundadores da academia, tendo como patrono José de Diniz.

Sobre José de Diniz muito haveria aqui de falar, visto que sua vida e obra são de grande relevância para o meio cultural e artístico. Porém, de forma singela, coube traçar algumas importantes considerações. Foi membro fundador da Academia Catarinense de Letras desde 1924, onde ocupou a cadeira nº 36.

Jornalista desde a juventude na capital catarinense, foi fundador de duas importantes revistas literárias, “Oásis” e “Panal”. Na década de 20 participou da Semana da Mocidade, destacando-se com a conferência intitulada “Elogio ao Heroísmo”.

Entre suas obras de diferentes estilos literários destacam-se: “Maria da Paixão” (novela), “Dois Perfis: João do Rio e Coelho Neto” (crítica), “A Hora do Correio” (crônicas), “José Boiteux e a Minha Terra” (apologia).

Orador espetacular, capaz de discursos elegantes e eloquentes, mesmo de improviso, trabalhou por muitos anos na imprensa da cidade.  Cabe especial destaque o ensaio memorialístico “Era uma vez…José de Diniz contou: Sociedade Harmonie – 1858”, publicado em 1958 por ocasião do centenário de fundação da Sociedade Harmonia-Lyra.

Em janeiro de 1961, participou do Instituto Joinvilense de Cultura, sendo seu primeiro presidente, embrião da futura Academia Joinvilense de Letras. No bairro Guanabara, em Joinville, existe uma rua com o seu nome.

Honra e desafio. Estas duas palavras definem meu sentimento ao ingressar nesta Academia. Honra ao ser a pessoa que sucede e representa tão espetaculares ícones da literatura e do vernáculo catarinense. Desafio quando me vejo longe de estar à sua altura, mas com vontade inabalável de fazer jus a esta distinção.

Encerro este discurso de posse, citando as palavras da escritora Ayn Rand:

 “Não deixe sua chama se apagar com a indiferença.
Nos pântanos desesperançosos do ainda, do agora não.
Não permita que o herói na sua alma padeça frustrado e solitário com a vida que ele merecia, mas nunca foi capaz de alcançar.
Podemos alcançar o mundo que desejamos. Ele existe.
É real.
É possível.
É seu.”

Sociedade Harmonia-Lyra, Joinville, 27/10/2017

 

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