AURINO SOARES

AURINO SOARES

AURINO SOARES (*1895 +1944),

“Cor amorenada, alto, relativamente encorpado, fala fluentes e gestos largos. Nariz aduncado, cabelos negros, maçãs do rosto salientes e olhos tranquilos. Assim era Aurino Soares, aos 27 anos de idade, quando chegou a Joinville, em 1922”, descreve o acadêmico Apolinário Ternes, autor de livros sobre a história do jornal A Notícia, fundado por Aurino no dia 24 de fevereiro de 1923.

Natural do Paraná, de Palmas, sua trajetória até Joinville foi marcada por iniciativas na área jornalística que não deram certo. Esteve em Curitiba, Rio de Janeiro e Florianópolis. Tomou, então, a decisão mais improvável – a de criar um jornal semanário na pequena cidade de Joinville, então com menos de 25 mil habitantes. Reuniu escassos recursos financeiros, contraiu dívidas e lançou, em 24 de fevereiro de 1923, um semanário integralmente produzido em língua portuguesa. Registre-se que naqueles tempos perto de 85% da população usava apenas a língua alemã, inclusive para ler jornais, revistas, livros e até mesmo para o ensino regular nas escolas.

Focado em apresentar um jornal sem cores partidárias, o que era novidade na época, Aurino Soares manteve uma linha editorial equidistante, convencido de que teria leitores de todos os naipes. No começo até deu certo, o jornal – que saía às quartas – feiras, passou a ser editado também aos sábados, sempre com quatro páginas e recheado de textos sobre a cidade e o país.

De 1923 até 1944, Aurino Soares conseguiu transformar o pequeno e reservado semanário em jornal diário, com gráfica própria, produzindo um dos jornais mais importantes do Sul do Brasil. De fato, o jornal surpreendeu a todos e teve crescimento fantástico na década de 1940, quando dava amplo noticiário sobre as campanhas da Segunda Grande Guerra em solo europeu.

Do tipo afirmativo e ousado, Aurino Soares transformou-se num grande empresário, investindo concentradamente na ampliação da gráfica que imprimia o jornal e ampliava constantemente sua circulação para os demais municípios de Santa Catarina e até mesmo do Paraná. Conseguiu estadualizar A Notícia em pouco mais de duas décadas. Até uma revista a cores, com amenidades, era impressa em Joinville e circulava com a edição de domingo, num total de até 25/30 páginas. Foi um sucesso empresarial e jornalístico sem igual. No auge, com o maior jornal de Santa Catarina sob seu controle, Aurino Soares morreu repentinamente, de aneurisma cerebral, no dia 17 de dezembro de 1944. A empresa ficou sem sucessores e o jornal deixou de circular por vários meses, voltando às ruas, sob nova direção, em maio de 1946.

Fonte da imagem: Jornal “A Notícia – Edição Histórica”, de 31/01/1980, nº 13.824, p. 115, Joinville.

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