Frases

A Universidade de Stratford-On-Avon, aquela criada para consagrar Shakespeare, resolveu contratar um grupo de pesquisadores em diferentes áreas para levantar a autoria e a veracidade de certas frases, atribuídas a personagens famosas.

Como aquela de Leônidas nas Termópilas, quando, advertido por Xerxes  de que os seus guerreiros eram tantos que encobriram, com as suas setas, o sol: “Melhor – disse o grego – combateremos à sombra”.

Ou de Júlio César, ferido, olhando para seu filho adotivo:

– “Até tu, Brutus?”

Ou a de Floriano, ante a pergunta do Almirante inglês sobre a possibilidade de desembarcar para proteger os súditos de S. Majestade, residentes no Brasil, sem hostilidade, como seriam recebidos:

– À bala !

Ou a do almirante holandês, derrotado na Baía da Guanabara: “Só o oceano é o túmulo digno de um almirante batavo”.

Ou ainda:

Morre um democrata, mas não a Democracia! Alemão, alemão, até a quinta geração. Depois de mim, o dilúvio. Pelo cavalgar se conhece o cavaleiro ou o cavalariço. Se todos os gostos fossem iguais, o que seria do amarelo? Poder? Até sobre uma ponta de gado é bom. Pois quem dorme com cães, amanhece com pulgas. Meu reino por um cavalo. Mais vale uma pomba na mão do que duas voando. Etc.

Vão-se atribuindo a este ou aquele as frases, as mais das vezes inventadas e escritas por cronistas ou biógrafos, interessados em endeusar ou incensar o herói ou o morto.

A comissão da universidade inglesa chegou a uma curiosa constatação:

Quase todas as frases ou eram da Bíblia ou do D. Quixote. Pouquíssimas eram dos personagens tidos como seus autores. Disso tive prova outro dia.

Numa roda, lá no Iate, conversava-se para passar o tempo, quando o Heinz perguntou de chofre:

– Quem foi mesmo que disse aquela célebre frase: “O sonho acabou”?

Imediatamente o Karl, dando uma risadinha de desdém pela ignorância do colega de náutica, foi categórico:

– John Lennon, quem não sabe?

Heinz teve a vez de, rindo zombeteiramente, replicar:

– Não foi não, sabidinho. Foi o balconista da antiga Padaria e Confeitaria Brunkow, quando lhe perguntaram:

– Tem sonho?

E ele respondeu:

– O sonho acabou. Só tem schneck.

 

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