Manhãs

Áspera é a manhã. Faca de corte,
romã  de sete cores partida e fresca.

Em sua sina de pássaro insano,
a  manhã nunca foge de ser manhã.

Doa-se  em  pele de pêssego,
licor rubro em tempo real.

Manhãs e manhãs construídas
em alvorada, verde e azul.

Manhãs de tragédias romanas,
de César a caminho da Gália

Manhãs de cabras mansas,
de ondas a galope no mar.

Manhãs de ontem,  hoje e sempre,
de colher tulipas na Holanda.

Manhãs de navegar
nos mares da Austrália.

Manhãs da infância
em berço de claro algodão.

Todas as manhãs se parecem
ao acolher o sol na lanterna dos dias,

ao  despertar as serpentes
e  aquecer os filhotes de águias nas escarpas.

Claras manhãs de fé,
onde semeamos  descalços pelos campos.

Que sejam  eternas as manhãs,
assim como são eternos os dias.

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