O jardim encantado

Era uma vez um jardim que vivia triste por estar abandonado. Seu maior desejo era ver-se cheio de flores. Então ele fez um pedido à Fada da Beleza para que, de onde ela estivesse, procurasse ajudá-lo. A Beleza existe, pensava ele, e eu não posso ficar sem ela.

Certo dia, ele acordou e viu um enorme caminhão parado e gente que ia e vinha, trazendo coisas para dentro da casa que ficava nos fundos. Seu coração bateu apressado. Aquela noite quase não dormiu.

Na manhã seguinte, um belo carro chegou trazendo uma família para morar na casa. A alegria do jardim aumentou quando viu descer, além do pai e da mãe, uma menina de cabelos loiros que brilhavam como o sol. Tanta beleza assim levou o jardim a lembrar do pedido feito à Fada da Beleza. Certamente ela atendera o seu desejo. Naquela tarde, o pai e a mãe estavam no jardim dando ordens ao jardineiro:

– Queremos que este jardim seja especial. Nossa filha Rafaela gosta muito de flores.

– Podem ficar tranquilos. Este será o jardim mais bonito da redondeza!

Rafaela gostou do jardineiro. Ele era um pouquinho só maior que ela. Parecia um dos anões da história da Branca de Neve. Seu nome era Rosmaninho.

– Que nome diferente o seu, disse Rafaela.

– É o nome de uma flor. Meus pais eram portugueses. No Brasil, o Rosmaninho é conhecido como Alecrim.

Rafaela pensou no coral da escola onde cantava:

“Alecrim, alecrim dourado

              que nasceu no campo

             sem ser semeado…”

Algum tempo depois, o jardim se transformou num verdadeiro festival de flores. Só podia ser assim, pois o jardineiro era afilhado da Fada da Beleza!

– Você é um mágico, exclamou a menina. Como deixou este jardim limpo e florido tão depressa?

– É que eu tenho ajudantes, Rafaela. Venha esta noite que vou lhe contar alguns segredos.

À noite, Rafaela ficou maravilhada com o que viu. O luar deixou o jardim iluminado. Rosmaninho estalou os dedos e muitos anõezinhos surgiram de todos os lados.

– Ao trabalho! disse um deles. À meia-noite a Fada da Beleza virá visitar o jardim.

Quando o relógio da sala bateu doze badaladas, Rafaela viu a Fada chegar numa linda folha verde puxada por duas libélulas. Como era graciosa!

– Este jardim é encantado, disse a fada para a menina. Neste recanto você verá maravilhas.

Rafaela bateu palmas e agradeceu à linda Fada. Rosmaninho pediu para a menina olhar os canteiros no outro dia pela manhã.

A menina acordou cedo, tomou seu café e correu para o jardim.

Ele estava lindo! Conversando com Rosmaninho, Rafaela perguntou:

– De onde vem a beleza?

Rosmaninho respondeu:

– A beleza vem de Deus, Rafaela. Ele criou todas as coisas belas.

Tudo o que ela havia desejado estava acontecendo. O jardim estava feliz!

Jornais e revistas publicaram suas fotos. Ele recebeu prêmios que Rafaela guarda com carinho. Na cidade onde ela mora, há a Festa das Flores e são premiados os jardins mais bonitos. Porém o segredo daquele jardim, o encanto e a magia de suas noites, só são conhecidos por duas pessoas: Rosmaninho e Rafaela, em cujas almas sensíveis a fantasia tem lugar para morar e há a consciência de que a beleza é uma dádiva do Criador.

 

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