O pontapé do ponto de mutação (Joel)

Crônicas de Maha Dharma

O pontapé do ponto de mutação

Joel Gehlen

Algo muito raro acontece. Você pode não acreditar, mas uma fluência que durou muito tempo está acabando. A mudança vem de longe e agora chegou. Como a água saída do fundo da Fossa das Marianas, ela se ergue numa onda de maré cheia, no ponto mais alto do mar, ronca ameaçadora, se alça cataclísmica e depois verga, quebra debatendo-se em fúrias; por fim, se adoça, rola em espuma branda, quase tão quieta quanto a névoa que paira agora marcando o fim do verão.

Esta é a última quinta-feira no mundo como conhecemos. Na madrugada de sexta, quando o ponteiro do relógio cósmico pôr o pé na casa de Áries, não será apenas o Equinócio de Outono, mas o ano novo astrológico. Conforme o rio estelar, nesse ponto começa o novo ciclo, que o nosso calendário anota como “ano 2020”. Essa não é uma virada qualquer. Ela ocorre com a concentração de Saturno, Plutão, Júpiter, Marte e Lua em Capricórnio! E, ao mesmo tempo, a fluência subversiva de Urano em Touro desmanchando tudo que é sólido. No dia 24 a Lua Nova põe a pá de cal no que era dantes. Os efeitos desse céu, com algumas nuances, se mantêm até que Júpiter e Saturno entrem de mãos dadas em Aquário, em 21 de dezembro desse ano. Exatamente o mesmo dia do Solstício de Verão! Você pode ver esses acontecimentos com a lente que lhe aprouver. De minha parte, gosto de ter olhos tributários aos magos da Caldeia. Há oito séculos, nada foi assim.

A conjunção Júpiter e Saturno tem um ciclo de 800 anos, sendo 200 em cada um dos quatro elementos. Estamos saindo de um ciclo de terra, materialista e de submissão da natureza, que começou em 1842, na Revolução Industrial, e entrando em um ciclo de ar, com um paradigma mais mental, humano e fraterno. O último ciclo de ar (1186 a 1405), foi marcado pelo Renascimento. Você pode continuar olhando para as estrelas apenas como pano de fundo da noite. Ou ir mais fundo. No seu “Timeu”, Platão ancora a essência do homem no Universo ao afirmar que o sentido da visão nos foi dado para que possamos “ver no céu a revolução ordenada dos planetas e copia-la na alma humana, que tem revoluções desordenadas”. Nesse ponto muda tudo e cada um de nós está diante do “fuso da Necessidade”, fazendo a escolha do futuro que vamos ter.

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