Quarentena (Harger)

QUARENTENA

Marcelo Harger advogado em Joinville, escritor, membro da Academia Joinvilense de Letras, mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC-SP, MBA em Gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

 

Meu filho Pedro é o carinho em pessoa. Seu sorriso de boca torta encanta qualquer um. É minha paixão. Nunca falta um abraço dele, ou um beijo, ou um carinho ou uma piada. Está sempre tentando me fazer sorrir. Mal sabe ele que sua simples existência me faz feliz.

Basta que ele esteja a meu lado para o mundo ficar melhor. Ele nasceu para iluminar, para trazer luz em tudo o que está ao seu redor. Tenho orgulho de chamá-lo de filho e me emociono toda vez que ele me chama de papai. É assim que ele se refere a mim, apesar de já ter nove anos. Nada de pai ou de “paiê”, papai. Fala de um jeito carinhoso, como se soubesse a ternura que esse jeito de falar transmite.

É o meu melhor amigo, quem me compreende, quem brinca comigo e me faz sorrir mesmo nos momentos mais difíceis; ora contando piadas ora fazendo pegadinhas próprias de sua idade. Algumas são inventadas, outras são de fonte externa. Nem sempre são boas, mas o contador é quem traz graça aos gracejos. E ele é “uma graça só”. Conta e, antes mesmo do fim da piada, já ri sozinho. E o riso (ah! que riso) contagia.

Tem também a Martina. Essa é mais “espinhenta”. Faz-se de difícil, recusa beijos e abraços, o que apenas aumenta o meu desejo de amassá-la. Digo que é a minha princesa, mas ela sempre me corrige dizendo: “princesa da mamãe”. Tudo bem! Perder para a Marcela não faz mal. Eu amo a Martina mesmo assim. Ela é só alegria. É sapequice em tudo o que faz. O silêncio dela é um terror, significa a calmaria que antecede a tempestade. Como pode uma pessoa tão pequenina (ela tem três anos) fazer tanta bagunça!

Dou risada das coisas que o meu “pudinzinho” apronta. Ela é uma “delícia”. Dá vontade de morder. Ainda não conversa comigo como o Pedro, mas já fala “pelos cotovelos”. São monólogos em que diz o que cada um deve fazer. Tão pequena e tão mandona! Tem espírito de líder e ai daquele que não obedecer. Adora cantar e dançar.

Pedro e Martina são meus dois amores. Não consigo imaginar a vida sem eles. Cada um tem seu jeito de me fazer feliz e aprendi, com a quarentena que estamos vivendo, a amá-los ainda mais. A presença deles faz valer a pena viver, ainda que trancado entre quatro paredes.

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