Quero de volta os alvoreceres (Adauto)

QUERO DE VOLTA OS ALVORECERES DA KOLÔNIA DONA FRANCISCA

Carlos Adauto Vieira = Charles  d´Olengér

Quando cheguei, aqui, em 1957, dava gosto acordar cedo. Ou acordar com a música dos tamancos de madeira,( é preciso ter alma para ouvi-la) adquiridos no Fernando Tilp, uma loja onde se dizia “ se aqui não encontrar, nem adianta procurar”, o sibilar das primeiras bicicletas importadas pelo Velho Schneider e ouvir piás pregando os textos de “A Notícia”, impressa, do Aurino Soares. E o Sol alumiando mansões coloniais, que deram à cidade, o título de “das Flores”. Especialmente, na hoje, irreconhecível Ministro Calógeras. Não havia espigões para refletir com seus vitrais os raios solares. O silêncio matinal permitia mais um soninho aos que nem estavam na zona rural; nem trabalhavam nas primeiras e improvisadas empresas. Da janela do meu quarto do Hotel Joinville, na vetusta Abdon, cevando um mate, via o sol vir lá da Babitonga, superando o Boa Vista. Que fizeram deste alvorecer? Quem lhes permitiu modificá-lo tanto, tirando-se a beleza natural, digna de um Van Gogh? Deve ter sido uma gente sem emoção maior do que ganhar dinheiro. O inferno os espera, se, já, lá não estão. Mudei ou mudou o alvorecer?, parafraseando o insuperável Machado de Assis. Porém insisto e não desisto : quero de volta os meus alvoreceres coloniais. Ou irei reclamar à Justiça, gente!

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