Vamos falar de informação – e onde buscá-la (Cristina)

Vamos falar sobre informação – e onde buscá-la

 

Sou jornalista. Por formação, por vocação, por acreditar que a imprensa é um elemento fundamental em uma democracia – e a democracia, com todos os seus defeitos, ainda é o melhor sistema que conhecemos.

Nos últimos anos, tenho sido muito mais escritora, pesquisadora e empreendedora (sim, precisei aprender a empreender e vender meu produto para sobreviver) do que outra coisa. Mas continuo sendo jornalista – e serei por toda a vida.

Nunca fui de esquerda, tampouco de direita. Dispenso rótulos extremistas, pois acredito que eles são limitantes, emburrecedores e nos não levam a lugar nenhum. Só servem para fomentar o embate e dificultar (ou impedir) as medidas que precisamos para desenvolver o potencial do País.

Tenho a convicção de que corrupção endêmica que vivenciamos no Brasil e a política do ganha-ganha e do “para nós tudo, para os inimigos a lei” são grandes causas da profunda desigualdade social e de renda da população que estão no cerne de nossas principais mazelas. E que esses problemas não são deste governo ou daquele, do último ano ou da última década, deste século ou do anterior – ao contrário, são questões históricas, profundamente arraigadas no nosso dia a dia, que se manifestam em todas as instâncias, se revelam na nossa fala, nas nossas opiniões, na forma como lidamos com o outro. Elas se revelam no nosso dia a dia, dentro de casa, nas escolas, nos setores públicos e privados.

Nós reclamamos, indignados, quando elas se voltam contra nós. Mas nos calamos, coniventes, quando nos favorecem. Vivemos nesse contexto.

Não se enganem, empresas de comunicação são organizações que têm donos, linhas de atuação e visam ao lucro – como qualquer empresa. Sinto te dizer, mas de “comunistas”, como temos lido bastante por aí, elas não têm nada.

Empresas são feitas de pessoas, e pessoas têm suas convicções, é verdade. Mas quando são profissionais, atuam de acordo com as técnicas que a profissão exige, que muitas vezes são subjetivas.

Isso acontece com todas as profissões – e no jornalismo não é diferente. A mesma imprensa que hoje é chamada de golpista, denunciou a corrupção do governo FHC, mancheteou em letras garrafais o impeachment da Dilma, criticou as questões do governo Temer e agora evidencia as incoerências (para dizer o mínimo) do governo Bolsonaro. Fuçar o governo em busca de fatos que o coloquem em xeque é dever de uma imprensa séria. E é lógico que isso desagrada a quem está no poder e a seus seguidores. Faz parte e é necessário.

A imprensa não é golpista porque desmascara pontualmente, com informação, as fake news que são usadas abertamente para manipular as pessoas que acreditam em tudo o que ouvem, sem questionar. Antigamente, havia uma ilusão de que “se está escrito, é verdade”. Ilusão, obviamente, mas era muito comum ouvir isso. Hoje em dia, a ilusão é de que se está internet ou se chegou no grupo de whats dos amigos ou do político, é verdade. Ilusão, obviamente, mas é muito comum ver como as pessoas acreditam e espalham informações apócrifas sem questionar.

Desculpem-me dizer, mas os meios de comunicação estão dando um banho na cobertura da pandemia do novo Coronavírus, trazendo informação consistente, técnica, orientando a população nos mais diversos aspectos derrubando com dados muitas das fake news que geram desinformação e confusão entre a população, até entre os que se julgam mais esclarecidos.

Não importa em quem você votou, não importa em que político você acredite ou siga. Você pode não gostar da Band, da Globo, da CNN, da Folha ou seja lá de que veículo for.  Mas pode ter certeza de que a informação séria e crítica que precisamos para passar por este momento em que a vida de tentas pessoas está em jogo, não está nos posts que você recebe nos grupos de whats e que ninguém sabe quem fez (ou sabe, bem), como apurou, que base tem. Está nos dados da Organização Mundial de Saúde, divulgados e repercutidos nos veículos sérios de comunicação – aqueles mesmos que os posts sem assinatura ou origem definida tentam desqualificar. É só parar, analisar friamente o que está ouvindo/lendo e deixar um pouco de lado as paixões para observar isso.

Isto posto (ou escrito), volto ao meu silêncio protocolar sobre o assunto e já adianto que não alimento discussões ideológicas e de fé com ninguém. Ah, e nem sobre futebol.

 

Maria Cristina Dias

 

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