Ac. David leu “O amor de uma boa mulher”, de Alice Munro

O AMOR DE UMA BOA MULHER – Alice Munro, Editora Companhia das Letras.

Alice Munro, canadense, 1931, sempre se dedicou ao conto e ganhou o Nobel de Literatura em 2013. Foi a primeira autora dedicada exclusivamente a contos a receber o prêmio, e seu talento é tamanho que ela frequentemente é comparada a Tchekov. É apontada como herdeira de Tchekov, Virgínia Woolf e Katherine Mansfield.

Em seus contos, Alice Muro lança um olhar ao mesmo tempo panorâmico e intimista sobre a década de 50 e 60, em que o comportamento de homens e mulheres transformava-se lentamente, erodindo os modelos tradicionais, mas, não raro, misturando-se com eles numa zona fronteiriça.

Nos anos de 1950, a típica garota canadense ainda podia pensar que seria vítima de um desastre caso não cumprisse alguma etapa da vida: até aos 25 anos, casamento; antes de completar o segundo ano de casada, um bebê; pouco tempo depois, outro bebê. Num futuro menos incerto, ampliação dos confortos materiais e consolidação de uma família respeitável.

Nas cidadezinhas espalhadas pelas zonas rurais, um emprego era facilmente classificado como um infortúnio resultante da viuvez ou, pior, da inépcia de um marido vivo. Porém, os ventos das mudanças de costumes [e da revolução sexual que estava por vir] já sopravam com força.

“O amor de uma boa mulher” reúne contos que relatam paixões desesperadamente concebidas, afeições traídas, casamentos estabelecidos e desfeitos, as alegrias, os medos, os amores e os despertares femininos.  Retratam mulheres que, aparentemente frágeis, revelam personalidades surpreendentes e corajosas, enfrentando com lucidez a vida, suas alegrias e pesares, suas lutas e decepções.

Alice Muro é uma das mais importantes contistas mundiais. Uma das mais impactantes vozes da atualidade, capaz de unir como poucos uma intuição aguda à destreza de estilo simples e comovente.

David Gonçalves

 

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