Fruto do mesmo pé

Pouco mais de quatro anos e ainda filho único, o pequeno ainda sobrevoava o banco de trás do carro como se fosse um grande sofá a sua disposição. Não havia que reparti-lo com ninguém, pelo menos por mais um ano, quando o caçula chegaria, soube-se depois. Mas até então era onipotente, onipresente e centro universal, dentro do mundo de seus pais. E por tal razão, claro, as atenções lhe eram dispensadas de forma unânime.

Lá pelas tantas, saindo da casa de parentes, soltou um fio de flatulência que reverberou alto, bem em frente a todos. Riram da pequena criança, não dando-lhe bola, apesar do constrangimento dos pais.

Voltando ao banco do carro, e esta é a razão do local inicial, os pais conversavam com o pequeno sobre o desrespeito de tal ato em frente as pessoas.

Em sua essência inocente, a criança questionou:

– E atrás, pode?

Bodas de prata passaram-se até que cena parecida repetisse a façanha com o pequeno do pequeno.

Desta feita, no veículo de seus avós, viajavam estes com o pequeno do então pequeno, quando – e aí talvez entregue algum problema familiar – aquele pediu para parar o carro que teria que evacuar suas necessidades mais básicas e fisiológicas.

Diante da impossibilidade repentina pela estrada e circunstância, a avó pede ao pequenino que segurasse até ser possível a parada.

Ao olhar diante do espelho interno do veículo, viu o rapazote com uma das mãos para cima, segurando o puxador de teto…

O ditado não deixa mentir: o fruto não caiu mesmo longe do pé.

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