Marcelo Harger – Discurso de posse

“Domus amica, domus optima”, a melhor casa é a casa dos amigos. esta frase, que é o lema de nossa academia, nunca fez tanto sentido quanto no dia de hoje, em que eu me permito saudar não somente as autoridades aqui presente o nosso vice-prefeito,  nosso vereador, nosso secretário de estado, mas também aos amigos Rodrigo Coelho, Rodrigo Tomazzi e Carlos Adauto (Carlão).

Fico muito feliz em te-los aqui presentes, e fico muito feliz de ter aqui no dia de hoje pessoas que são para mim muito importantes. Meus pais, que sempre me apoiaram em tudo me incentivaram para estudar, em especial minha mãe. Minha tia, que também foi minha professora de português, e que me deu a primeira coleção do Monteiro Lobato. É verdade que, como professora de português, algumas vezes ela foi um pouco cruel. Certa vez fiz uma prova de português e gramatica onde o tema não era acentuação. Deveria ter tirado 10, ela me deu 7 só porque eu não coloquei nenhum acento. A lição valeu. A lição valeu porque, felizmente, como sou tinhoso, decorei aquelas malditas regras. Sei tudo de cor até hoje. Então muito obrigado tia Tânia. Meus amigos Marlo e Rogério que são também praticamente meus revisores de texto. Nada do que escrevi até hoje foi publicado antes de passar pela mão deles. Suas esposas Angelise e Priscila. Luciano e a Jane meus amigos que vieram de Curitiba, especialmente para o dia de hoje. Principalmente Marcela e o Pedro, que são minha razão de viver. Meu padrinho Dr. Adauto que certa vez escreveu um artigo, há muitos anos atrás dizendo que Joinville tem grandes advogados mais poucos escrevem”.  Aquilo me chamou a atenção e me fez escrever. Joje por culpa do Dr. Adauto são mais de 300 artigos publicados em Jornal. O senhor criou um monstro Dr. Adauto. Meus companheiros de academia.

O patrono da cadeira que passo a oculpar é João Henrique Auler. É uma pessoa com quem me identifiquei de pronto na lista de patronos, que nos foi dada para escolher. Porque me identifiquei com ele? Erauma pessoa que veio para Joinville em 1853, faleceu jovem com 39 anos, e foi, nesse meio tempo, gráfico, encadernador, livreiro e professor. Elaborou uma cartilha alfabetizadora para crianças alemãs, ministrou ensino religioso, foi agente dos correiros, colaborou expediu e foi distribuidor de jornal colonie zietung, instalou a primeira livraria de Joinville.

Eu não tinha como não me identificar com uma pessoa dessas porque, assim como ele tenho gostos variados, gostode fazer tudo ao mesmo tempo.

Meu antecessor foi, Odjalma Costa, o qual pude conhecer por intermedio do relato do seu filho João Luiz de Aquino Costa. Também tive com ele pronta indentificação. Começa pelo lugar onde ele se formou, pela Universidade Federal do Paraná, onde eu tenho muito orgulho de também de ter cursado a faculdade de Direito, foi Juiz de Direito, foi Professor de Direito, professor de Sociologia, dominava Frances, Inglês, Alemão, Latim. Para que se tenha ima idéia de quem foi esse homem basta saber que dois Fóruns do Estado de Santa Catarina receberam o seu nome: o de Garuvae o de São Domingos. No domingo anterior à sua morte ele publicou um artigo no jornal em estudo sobre a criminalidade de onde eu transcrevo o seguinte trecho: “ o homem moderno sente-se inquieto e cada vez mais perplexo ele labuta e lida mas tem uma vaga conciência da futilidade dos seus esforsos enquanto crescem seu poder sobre a matéria sente-se importante em sua vida individual e em sociedade embora tenha ainda maneiras novas e melhores para dominar a natureza torna-se enleados em uma teia desses meios, e perdeu de vista o fim que lhe dá significado: o própio homem. Faleceu em 1975 e vê-se que o texto continua extremamente atual. Espero portanto fazer juz a pessoas tão ilustres.

Escrever para mim, sempre foi brincadeira, foi de  brincadeira que eu, eu publiquei meu primeiro texto no jornal do colégio Bom Jesus. Era realmente uma brincadeira, era uma história de um triangulo amoroso entre dois touros e uma vaca. Literatura para mim sempre foi assim. Literatura não é coisa séria e eu tive, justamente no dia de hoje, a felicidade de publicar um artigo de jornal sobre isso. Porque eu digo que literatura não é coisa séria? Porque para mim livros são brincadeiras para o pensamento. É  isso que dizia Rubem Alves.

Eu fico muito feliz de ter a possibilidade de ingressar na Academia Joinvillense de Letras, que é o lugar que tem como lema “Domus amica, domus optima” (a casa dos amigos é o melhor lugar), porque é justamente na casa dos amigos que nos sentimos bem. O melhor lugar para brincar (nesse caso brincar de pensar) é justamente na casa dos amigos, e foi assim que fui recebido pelos acadêmicos. Fui recebido como se fossemos amigos de longa data, e nas reuniões em que participei, pude  brincar de pensar. Percebi quantas brincadeiras ainda tenho que aprender. Friso que leitura é brincadeira porque, conforme afirma Diogo Mainardi, no Brasil as pessoas dão grande importancia para a leitura desde que seja os outros a ler.

É fato que todos queremos que nossos filhos adquiram o hábito da leitura, mas para mim ler não é nada disso. Ler não é um hábito. Quando falamos hábito parece uma coisa automática. Ler não deve ser automático. Literatura não pode ser algo automático. Literatura depende de amor. Você precisa aprender a amar os livros, e é isso que eu venho tentanfo fazer com o Pedro, meu filho. Várias vezes, nos sábados de manhã nos vamos tomar café na livraria midas. Ele corre no meio das estantes e aproveita para escolher um livro dele. Outras vezes ele convida eu e a Marcela para namorar na cama. Aproveitamos para contar histórias. Pegamos algumas vezes histórias de livros. Outras vezes são histórias inventadas. Recentemente o Pedro contou uma história que eu achei fantástica. Como ele diz, uma história de terror terrível. Era sobre um monstro que arrancava os narizes das pessoas e jogava os narizes das pessoas nos rios, para tampar os canos e, então, não ter mais água. Olhem que monstro terrível. Eu comento isso porque o Pedro, mesmo antes de saber ler e escrever, está contando histórias. É assim que eu espero que ele passe a amar os livros, do mesma maneira que eu os amo. Amo-os porque os livros foram parte muito importante da minha formação. Eu poderia ter frequentado o mesmo colégio que frequentei. Poderia ter tido os mesmos amigos que tive, mas, certamente, seria uma pessoa diferente se não tivesse lido o que li.

Os livros me ensinaram a ser mais humano e a lutar contra meus preconceitos. Aguçaram minha curiosidade, desenvolveram meus sentimentos, me tornaram um obsevador arguto da realidade, me fizeram rir, me fizeram chorar. Foram companheiros nos momentos alegres e tristes, nos momentos fáceis e momentos difíceis. Enfim, contribuiram para que eu me tornasse o que sou e por isso aos livros eu agradeço. Muito obrigado!

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