Marcelo Harger (Marinaldo)

TEXTO-PRESENTE para Marcelo Harger

Marinaldo de Silva e Silva

 

Eu não te conheço. O vi duas vezes. Sempre de relance. A pressa foi maior nas duas vezes. Não houve enlace. Não houve. Só, ouve….Olha, eu não ia escrever isso, mas foi a necessidade do poeta surgindo quando comecei a pensar o que escrever sobre um desconhecido visto duas vezes na pressa. A primeira coisa que me veio a mente, ao ler o seu nome, foi a minha infância. Explico. Estudei até a 4a série (hoje 5o ano) na escola Anna Maria Harger. Fiquei pensando se ela foi sua parente, e me encontrei dentro da escola, em plenos anos 80, a plenos pulmões, cantando o Hino Nacional.

Por não te conhecer, fui buscar ajuda na página da Academia. Revi seu rosto. Lembrei de novo algo da infância, como se tivéssemos jogado bolinha de gude, e um de nós tivesse ganho (ou será ganhado?). Seu rosto familiar e sorridente ficou no meu imaginário: será você sorridente ou era só pra fotografia? Não sei. Investiguei a imagem e vi um homem contido. Mas que tem sorrisos fartos. E tem boa gargalhada.

Pra entender quem você é e poder escrever um pouco sobre, fui ler a apresentação da tua pessoa. Entendi que é advogado, por isso a sobriedade! Que é Mestre e Doutor, o que me indica que deva ter lido literatura Latina, descoberto um pouco da origem de muitos termos, e fiquei imaginando você escrevendo um texto (talvez até já tenha escrito) com o vocabulário técnico, e complexo, dos autos e dos processos.

Crente de que o homem sóbrio, de sorriso contigo, e que suspeito gargalhar muito, só escreveria sobre leis, gestões, imbróglios jurídicos e cláusulas contratuais, me deparei, na continuação da leitura sobre você, para entender um pouco melhor quem você é, descubro então como a leitura desse poeta é viciada, na realidade, como a leitura do mundo o é. Porque bastou correr os olhos pelos títulos das tuas crônicas para entender que há um pensador de frases simples que vive, não sei se antes ou depois, do advogado. A melhor missa da minha vida, Esperando o amor chegar, Amar é construir, Escolhas, Amor Moderno, Brincar de escrever…

Acredito que toda literatura é biográfica. Sempre acreditei. Mesmo quando eu escrevi sobre uma prostituta, no meu primeiro romance, era de mim que estava falando. Quando eu escrevi sobre um garoto perdido em meu primeiro livro infantil, era de mim que estava falando. Tanto a meretriz quanto o garoto sonharam e diziam coisas que eram pensamentos meus. E por isso já posso dizer agora, conhecido Marcelo, que eu li muito da sua vida lendo os textos citados acima. Entendi suas frustrações, achei bonitas suas vitórias, percebi como tuas frases são curtas, conheci um pouco do seu filho na missa, visualizei você na Tua escola “Anna Maria” querendo ser algum outro alguém como relato na crônica Quem queria ter sido.

Agora, apresentados, quero dizer que é um prazer conhecê-lo. Que é bom saber que leu O Pequeno Príncipe, e que lembra das suas máximas. Quero lhe agradecer por me lembrar, durante leitura do seu texto, de uma frase linda de Saint Exupery: “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz”. Eu utilizei essa frase hoje numa postagem. Acho que agora, já poderia começar esse texto, diferente.

Ac. Marcelo Harger

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