Meu velho cão (Zabot)

MEU VELHO CÃO

Meu velho cão

porque cismas

erguendo as patas

neste fim de mundo.

 

Nem pensas n’outros cães

atrás daquela serra,

pois és cão daqui,

deste pedaço de terra.

 

E faceiro acoas

às rezes trigueiras

que pastoreiam campos

nesta tarde fagueira.

 

Meu velho cão

o que cismas agora…

Veio a noite e a solidão

impõe-se campo afora.

 

Como uma neblina

cobre toda a terra…

Apenas as estrelas ao alto

resplandecem o pé-de-serra.

 

Se há outro dia, porém,

vais de cola erguida…

Ó doce ventura!

Tecer hinos à vida.

 

Velho cão amigo,

só sossegas nesta hora…

Exibir-se às manhãs,

quando floresce a aurora.

 

Onévio Zabot

 

 

 

 

 

COMPARTILHE: