O experimento Milgram (Fiuza)

O experimento Milgram

Logo depois da segunda guerra mundial, o mundo inteiro se perguntava como pôde um povo tão evoluído e tão um culto como o alemão se deixar levar, daquela maneira, por um sujeito maluco e mal intencionado como o Hitler.

O julgamento de vários dos carrascos nazistas indicavam que alguns deles apenas cumpriam ordens, mesmo que essas significassem algo contra o seus princípios mais fundamentais.

Para tentar responder a esta questão, o psicólogo americano Millgram concebeu um experimento de laboratório que teria a possibilidade de identificar até onde o ser humano iria. Ele recrutou os voluntários através de um anúncio de jornal propondo um experimento remunerado, que transcorreria sob os auspícios da famosa universidade americana de Yale.

Cada dupla de voluntários era separada do resto do grupo e orientada por um experiente professor universitário. Ele explicava à dupla que era um experimento para verificar como a punição poderia influenciar na capacidade de aprendizagem. Um dos voluntários, definidos por sorteio, seria o professor do experimento e o outro seria o aluno. O professor faria perguntas. Se o aluno errasse receberia uma punição. O aluno era amarrado em uma cadeira elétrica e concordaria em levar alguns choques, em caso de erro. O outro, separado do primeiro por uma janela de vidro, seria o professor e aplicador de choques. Ele sentaria diante de um painel e definiria a intensidade do choque a ser aplicado no “aluno”. As perguntas eram feitas por um microfone e o aluno responderia, do outro lado. Se ele errasse na resposta levaria um pequeno choque de 15 V. Se, na segunda tentativa, persistisse no erro, a intensidade do choque seria aumentada. O ponto final seria um fortíssimo choque de 450 V, que causaria grande sofrimento, mas sem risco à vida do voluntário. As ordens eram rigorosas e o voluntário era orientado a não interromper o experimento sob nenhuma hipótese.

Na verdade, quem estava sendo testado não era o “aluno” que recebia os choques, mas o “professor”. O experimento visava verificar até onde este “carrasco” seguiria as ordens do grande professor de Yale e continuaria a infringir sofrimento ao pobre aluno do outro lado do vidro.

Tudo foi preparado de maneira tal que ninguém sofresse. O aluno fazia parte da equipe e simulava que estava sofrendo com choques. O sorteio também era simulado.

Os resultados foram surpreendentes. Cerca de 60% dos professores-carrascos chegaram a aplicar o castigo máximo. Pela concepção do experimento isto significaria que eles seguiriam ordens, mesmo contra seus próprios valores de vida, da mesma maneira que muitos alemães seguiram as orientações do nazismo.

Experimentos deste tipo hoje não ocorreriam. Seriam impedidos pelas comissões de ética das universidades.

Eles são, entretanto, assustadoramente atuais. Podem explicar como pessoas de boa índole derrubam suas barreiras éticas e aceitam ou mesmo fazem coisas que sempre execraram.

Ronald Fiuza

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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