O poeta

Escrevia poemas
como quem vai à mesa
tomar o café da manhã.

Pra trás deixara a contagem
das sílabas, agora pedaços
de algo vivo tal como o voar
de abelhas, vagalumes, beija-flores.

A rima – que viesse quando
quisesse, de preferência pobre,
inacabada.

Uma vez escritos, deixava-os
ali, à maneira de xícaras usadas
ou de sobras de pão e de manteiga.

Alguém que os encontrasse
podia até tomá-los como seus,
que a poesia ao poeta
não pertence. É sempre
de quem a quer
ou que dela tem fome.

Alcides Buss

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