Texto Presente para Simone Gehrke (Marinaldo)

 

TEXTO PRESENTE para Simone Gehrke
De Marinaldo de Silva e Silva

Nota: Texto experimental escrito a partir dos excertos da Senhora Gehrke, publicados na página da AJL, como inspiração para que esse “presente” seja entregue da forma mais despretensiosa possível, enquanto literatura, embora a pretensão de provocar um sorriso seja primordial para este autor, que gosta de presentear com palavras.

Dizem que a moça chegou de Porto Alegre se encantando com os morros da cidade. Dizem que chegou cheia de  ideias, trazendo Memorias de uma velha senhora, como brincava de chamar sua imaginação, que parecia que tinha atravessado várias vidas para continuar brincando com ela. Primaverando, a jornalista gaúcha chegou hasteando a bandeira do mundo, porque sabia que só assim se comunicaria sem fronteiras. Trouxe malas e lunetas, e alguns Presentes do Acaso, porque não era dessas moças de querer surpreender por planejamento, era sim, e penso que assim o seja ainda, uma mulher que surpreendia porque assim o era. Tinha largado suas Aborrecências há
pouco tempo, porque chegara muito jovem. Já escrevia de sempre, compunha versos, vertia historias, tinha na palavra “glória” uma sugestão para o seu futuro, e outra, vitória, para apresentar como um troféu.

Segundo tempo. Não demorou muito para começar uma segunda fase. Não largara o mundo das palavras, e com elas, acabou entrando em outros universos. Começou a criar, da criação veio a liderança, dela a responsabilidade. Nunca ouviu um Cale-se, porque sempre usou a palavra certa. Foi com essa elegância que conquistou outros patamares, promovendo Estilos inconfundíveis em ser uma pessoa do bem. Nunca nos falamos diretamente. Eu havia a conhecido por meio de uma capa amarela, e percebi, em seu Percebes, que a conjugação daquele verbo era raiz de outras planícies. Tinha ali um pouco da Morfologia do Amor por toda uma candura, por toda uma mistura das gentes que há no sul, escrita como A dedicatória que alguém oferece para si mesma, dizendo: Cheguei, venci, estou aqui; E SOU!

Na Crônica de uma morte anunciada, a imortal escritora sempre anuncia uma nova pessoa em frente ao espelho. É alguém no corredor, é uma mão amiga, é uma pedra que seria lançada em alguém e ela pegou no ar antes que mais uma vítima surgisse. Deve ser por isso que quando chega em seu trabalho, é lhe oferecida uma canção chamada Do vinho à vida, que é cantada por quem a conhece de verdade, geralmente em silêncio, entre uma palavra escondida nos olhos, mas que é tão evidente, tão eficiente como uma propaganda, como uma manchete, como um slogam de quem entende Da suposta suavidade das palavras.

 

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