Texto presente para Simone Nascimento (Marinaldo Silva)

 

Texto presente para Simone Nascimento
Marinaldo de Silva e Silva

Teve uma ocasião em que descrevi Simone como uma cidade. Eu estava apaixonado pelo livro Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, e, numa homenagem à várias mulheres, entre tantas, apresentei a cidade Simone, com suas vias públicas de poesias íntimas e algumas vítimas de sua superlotação de alegria. E agora, ao começar esse texto-presente para a agora acadêmica colega, eu não consegui me desligar ainda, daquela cidade que conheci quando da primeira visita.

Tentando entrar num outro universo de palavras, fui buscar referência nos textos de Simone, encontrei a sua BELEZA, e ainda assim, me deparei com essa mulher e seus viadutos. Quis me desvencilhar da imagem espacial dessa senhora, e me veio à imagem de arquivos organizados, seus fóruns de democratização, o perfil que Simone tem de quem é filha da gestão e mestrada em correspondência e secretariado. Também tem seu jeito de prima boa, de amiguinha do lanche no jardim da escola, com sua fala ritmada, talvez trazida da sua Imbituba azulada, outra cidade que misturada a ela, reconstroem-se uma na outra.

Ensimesmado com a técnica que, necessária ser precisa, é traída pela memoria que me leva a passear por Simone, essa cidade que não me sai da cabeça; deparo-me com uma placa, que está em grande destaque meio no meio do seu núcleo, com os seguintes dizeres: “Guerreiras, ousadas e corajosas! / Empoderadas pelo suor e conquistas/ Somos mulher, muito prazer!”. Percebi uma porção de gente fazendo anotações e comentários. Percebiam que a cidade Simone também era um grito, mesmo que muito discreto. Sim, em Simone se pode gritar sem balbúrdia, se pode amar sem vergonha, se pode trabalhar e provar que no final da jornada tem muito mais alegria que determinado cansaço. Em Simone, as construções são bem planejadas, não se derruba uma janela centenária por imposição, tem-se uma Secretaria da Memória, e foi instituída há poucos dias, uma comissão para permitir que seus cidadãos, os famosos simonicenses, adentrem no curso de individualidade, porque em Simone, acredita-se que só assim, a
cidade permanecerá diversa.

 

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