? “Do vinho à vida”, de Simone Gehrke

Deus criou o mundo, a vida, as uvas e o vinho.  A bebida está presente na história da humanidade desde os tempos de Noé. Segundo o Gênesis, depois de desembarcar da arca a tripulação que garantiria a sobrevivência das espécies, ele plantou um vinhedo e saciou-se.

Festas regadas a vinho já faziam a alegria dos gregos e romanos na Antiguidade. Estes povos creditavam à milagrosa bebida o status de presente dos deuses, Dionisio e Baco.
Com o passar dos anos e a aquisição de conhecimento, os homens aprenderam que o vinho, como a vida, precisa da natureza para existir, mas depende do cuidado no cultivo para se desenvolver.

A beleza do vinho (e da vida) está na diferença; temos, pessoas e vinhos, personalidade própria. Somos fruto das sementes que foram plantadas, das condições do ambiente em que germinamos, da quantidade e da qualidade  dos insumos recebidos, do meticuloso cuidado que cercou  as diferentes etapas do nosso crescimento, mas também do imponderável. Em síntese, uma soma das circunstâncias que nos envolvem com o acaso que nos surpreende.

Não existem pessoas e vinhos certos ou errados. Uns são encorpados, outros  leves; uns se caracterizam pela acidez, outros pelo toque aveludado; alguns atingem seu estágio ideal quando ainda jovens, outros precisam de um longo período de maturação para alcançar a plenitude com o passar dos anos. Todos, no entanto, têm no aroma e no gosto peculiar a sua graça. Basta saber apreciar no momento certo e de forma adequada. Porque pessoas e vinhos existem por isso: para ser descobertos e admirados.

 

Nada melhor para aproveitar o dia (ou melhor, à noite) do que um bom vinho, para abrir a mente, despertar as percepções e aguçar os sentidos, acompanhado de uma agradável troca de ideias em excelente companhia. Tudo isso antecedido, claro, pela celebração indispensável do toque de taças. Tim-tim. Um brinde à vida e às amizades; um brinde ao presente e aos desafios, que nos ensinam a viver melhor; um brinde à sabedoria de apreciar com prazer a diversidade. Tanto das pessoas quanto dos vinhos.

 

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