Moçambique tolstoiano (Adauto)

MOÇAMBIQUE TOLSTOIANO

Carlos Adauto Vieira = Charles d’Olengér

Cadeira 30 da AJL’04 d ALASFS; 14 da ACML

MIA Couto não faz parte do povo antigo de Moçambique. nem estudou lá para ser biólogo, jornalista e autor premiado de contos e romances. Deve ter sido, sua biografia literária não registra, voluntário da Frelimo, a FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE, colônia portuguesa em África de pronunciada inspiração marxista leninista com seus líderes, talvez, educados na universidade africana de Lumumba. Conheci médico moçambicano, salazarista, que foi estudar em Coimbra e de Moçambique só deixou o sotaque e certas expressões regionais, mas negava a sua origem natural. Filho de portugueses colonialistas, apaniguados de Salazar, que governou a Lusitânia meio século e as suas colônias em África. Moçambique deve ser nome aportuguesado, pois lá se falavam, como de hábito, várias línguas e dialetos africanos e tinham as constantes superstições dos demais povos colonizados, acreditavam e acreditam, ainda, em bruxarias, reencarnação, mau olhado, vozes do além, ladrões de cadáveres nas guerras tribais para lhes comerem o coração e ossos vertebrais afim de a ganhar forças e enfrentar os inimigos. A universalidade de Mia Couto está na mantença destes pontos da sua aldeia colonial. Ridiculariza os dominadores portugueses e suas atitudes, que se julgavam intocáveis e eternos governantes,quando o eram, ainda. Não lhes perdoou pela sátira, depois que foram derrotados e expulsos. Está nos seus contos e romances. Facilmente verificável no Mulheres de Cinza, excelente romance e Vozes Anoitecidas, ambos da Companhia das Letras, de quem esperamos os demais, pois integram uma coleção imperdível, sob a responsabilidade contratual e publicitária desta famosa editora. Que nos deu de Lilian Moritz, a que, há pouco nos presenteou com a biografia de Lima Barreto. Outra preciosidade pelas pesquisas inesgotáveis e que lhe devem ter dado uma canseira inimaginável. Alegro-me, porque Moritz no Brasil é uma só família e minha esposa pertence a ela, ainda que não seja escritora, nem pesquisadora, mas, pelo gens, pintora e bijouteira. Mia Couto, aparentemente, se vingou dos colonizadores, usando linguagem local e oferecendo um glossário dos termos ao final de cada volume.

23/05/019 11H

À PÁGINA 17 DE TERRA SONÂMBULA, MIA EXPRESA SEU PATRIOTISMO. EXEMPLAR!

 

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