Natal em Presidente Getúlio (Alessandro)

Natal em Presidente Getúlio                          Alessandro José Machado

A notícia que o velho rádio de pilha, ao lado do fogão a lenha, não é das melhores. A voz grave, de timbre forte, não escondia o nervosismo do radialista, desacostumado a dar informações desta natureza naquelas paragens tranquilas do sul do Brasil.

Dizia um pouco embargado, lendo em mãos trêmulas, a matéria do jornalista Lucas Paraizo, que O temporal que alagou ruas e provocou alagamentos e enxurradas no Alto Vale do Itajaí na madrugada de quinta-feira (17 de dezembro) já figura como uma das tragédias climáticas mais fatais dos últimos anos em Santa Catarina. Com 13 vítimas confirmadas até agora — nas cidades de Presidente Getúlio, Ibirama e Rio do Sul, a tempestade já deixou um rastro de mortes maior, por exemplo, que o furacão Catarina que atingiu SC em 2004 e causou 11 óbitos. Completou, com lágrimas nos olhos, transfiguradas em palavras dolorosas, como um desabafo solitário ao microfone, não bastava essa maldita Pandemia de vírus Chinês que está nos matando e deixando em pânico.

Em algum lugar, no interior de Presidente Getúlio, ouvimos uma humilde voz, de um trabalhador do interior, brioso e temente a Deus. Assim expôs seus sentimentos:

– Povo abençoado do Brasil, eu sou Vitorino, 67 anos, 35 de jornada, eu quero mostrar pra vocês um pouquinho, de uma trajetória, (andando em meio aos escombros de sua humilde propriedade rural, onde apesar da destruição, o canto dos pássaros e a natureza desfigurada ainda mostram-se pujante) e uma coisa que eu não sei é falar bonito, nem o português vai estar correto, mas eu estou aqui na minha morada, que ficou assim, cheia de lama, com muito entulho e partes destruídas, mas Deus é muito bão, o Deus que nos conduziu durante 67 anos, altos e baixos, eu quero falar de um Natal, um Natal sem pinheirinho. È maravilhoso ver os enfeites e os preparativos, coisa mais linda, na esperança de um fim de ano, o nascimento de Jesus. O Natal sem pinheirinho é aqui, mas não sem Jesus. Nós tínhamos tudo decorado, legalzinho”, a mulher muito caprichosa, tudo decorado, tudo prontinho, e ficou assim, pra pior, porque nós já arrumamos muito. Eu lembro, olhando para José e Maria, quando ia para se registrar no decreto do Governo, ele arrumou a mulinha dele, mandou um “zap” lá para a hospedaria, mas já meio tarde, ninguém tinha mais vaga, mas vamos assim mesmo, pois Jesus precisava nascer. Bateu de porta em porta, e nasceu numa estrebaria. E hoje, ele quer nascer, em um coração, ele quer no coração do ser humano, no coração do homem pecador. Jesus quer nascer, e não importa a tristeza em que tu vive, o pecado em que tu vive, não importa, Jesus quer nascer no teu coração neste Natal. E ele, olhando de um lado para o outro, sem vaga nos hotéis, restou uma estrebaria. Podia ter nascido em lugar melhor, mas ele já demonstrou ai que é o pior lugar que existe. Não sei se vocês conhecem uma estrebaria. È um lugar bem sujo, com cheiro ruim, e ali nasceu Jesus. E esse é o meu coração também, desde 35 anos atrás. Aqui, ando no meio da lama e da imundície tudo em “roda’ de casa que esse temporal provocou. Por ter nascido em uma estrebaria, Jesus tem a capacidade de nascer no coração do homem mais perverso, e fazer ali a transformação. Eu quero te dizer uma coisa , não sei quem vai escutar isso ou quem me conhece, não sei, mas digo pra você deixar Jesus nascer no teu coração, ele faz a diferença, faz a divisão do tempo, assim como o preparativo para o nascimento Dele foi a divisão do tempo, fazendo tudo ser antes e depois disso. E quando ele entrar no teu coração, e fazer a conversão, vai ter um antes e depois. Assim você conseguirá festejar o Natal, na esperança e na certeza, mesmo assim, como nós aqui, em meio a esse caos todo de destruição, junto à sua família, que é o bem mais precioso que você tem. Você consegue festejar e se alegrar, pois Jesus está ali, comemorando na tua casa com a tua família. Quero falar também sobre um investimento, que muitas vezes a gente deixa de fazer, que é investir na família. Se eu olho quando Jesus ia passando, e contou uma história de um cara que plantou uma vinha, mandou um homem cuidar daquilo lá, e de vez em quando o dono da vinha ia lá, colher os frutos. No canto da roça tinha uma figueira e essa figueira, uns três anos seguidos não dava fruto. Então ele chamou o capataz e disse, vem cá, três anos que eu venho aqui e essa figueira não tem fruto, corte ela. O capataz ficou sem jeito, e disse, como assim cortar, eu nem sabia que era para cuidar dessa ali? Eu estou cuidando da uva, você não me falou pra cuidar da figueira. Me dá um tempo, me dá um prazo que eu vou arrumar ela, vou cavocar, botar esterco, adubo, e então se ela não produzir, você volta aqui e manda cortar. Investimento, ele investiu no adubo, no esterco, e assim nós temos que refletir, o que você tem investido no teu casamento, na tua família? Nos teus filhos, o quanto que você investe? Vou te dizer uma coisa, essa cavocada em redor da figueira, isso dói, é cortar as raízes, ela chora, e as vezes a gente tem que disciplinar um filho severamente. Cortar ao redor, tratar, mas no futuro, cedo ou tarde, você vai ver a diferença. Eu tenho uma família muito abençoada, foi minha sorte, e muitas vezes eu reclamava, pra mim mesmo, que o pai é pra tudo, do tipo que nosso Deus, nosso Pai eterno é pra tudo, assim sou eu, é você pra tua família. O filho não quer uma caminhoneta, o filho quer o colo do pai, o filho precisa de um abraço, mesmo com 20 anos sentado no colo do pai e da mãe, o filho precisa. Você não consegue produzir uma família comprando tudo que eles precisam, porque senão a minha família não estaria em uma estrutura, na palavra de Deus. Hoje, se não fossem meus guris nessa situação de desastre, eu não sei como estaríamos. Vou entrar em casa de novo, já dá pra limpar os pés. Quando vejo que Deus mandou o único filho Dele na terra para resgatar a humanidade, quando Ele morreu na cruz, deu seu último suspiro, por causa de mim, por causa de ti, e é muito estranho eu te contar, mas as coisas precisam acontecer pra nós compreendermos o que a palavra de Deus diz. Aqui pra trás, eu tinha um rancho, e no final ficava minha cachorra Pretinha, que teria filhote agora no Natal, e eu prendi ela ali por segurança, e eu não acordei durante chuva nenhuma, nada escutei, e de repente essa cachorra entrou em desespero, e assim eu acordei e percebi que tinha algo de errado. Quando eu fui para salvar ela, não consegui mais ir até lá. A água estava dentro de casa já. Ela morreu e não achei mais. Mas nós “acordemo”. Eu consegui sair com a roupa vestida, a mulher conseguiu botar a roupa na saída, já no meio do morro, entrou em choque, em desespero, e foi o que nós conseguimos recuperar, a roupa do corpo e algumas que nós “ajuntamos” no lixo, onde a água “aterou” (aterrou). Mas Deus mostra que ele tem mais para dar que eu preciso, tenho minha casa praticamente de volta, vamos fazer a mudança, vou reconstruir, e quero mandar pra vocês, cedo ou tarde, quando estiver pronto, a diferença, como está agora e como vai ficar. Deus me dá força, e vocês vão ver como eu vou deixar. Deu um estrago mais ou menos legal, mas minha família está toda aqui, com vida. Quero mandar um abraço para todo pessoal que me ajudou, que eu nem sei quem são todos, muita gente que eu não conheço, Deus abençoe vocês ricamente, e a Sandra manda também um forte abraço para as comunidades da região. Eu sei que é complicado, mas o nosso Deus é poderoso. Se ele não poupou Jesus Cristo, ele não vai poupar um esforço e a proteção. Só por Ele que nós estamos aqui em pé reconstruindo, ainda nessa situação de destruição aqui ao redor. Obrigado pessoal, Deus abençoe vocês, abençoado Natal e não esqueça, deixe Jesus nascer no teu coração. Não esquece de Jesus, do aniversariante. Pode esquecer dospresentes, mas não do cara que está de aniversário, que nós estamos festejando. Aniversário do nosso Senhor Jesus Cristo. Abençoado Natal. Amém! (Vitorino Herbst)

Texto baseado em fatos reais, de um vídeo das redes sociais, gravado pelo sr Vitorino Herbst, com erros e acertos originais.

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