📓 “Felizes para sempre” (Vieira)

FELIZES PARA SEMPRE 

 

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.  Mahatma Gandhi

 

— Amor! — exclamou Carol. — Foram “felizes para sempre” porque havia muito amor. Porque olha que é difícil…

— É difícil a vida de princesa, não é, Carol? — riu Maria Cláudia.

Carlos soltou uma gargalhada ao perceber o embaraço da irmã mais nova diante da observação de Maria.

Os três irmãos conversavam sobre felicidade duradoura, a possibilidade de ser feliz por um longo tempo ou ter uma felicidade continuada, e comentavam os famosos contos de fadas, que invariavelmente terminam com o necessário chavão: “e foram felizes para sempre”.

— É difícil mesmo! Pensam que é fácil manter esse “corpitcho” de princesa? — retrucou Carol — Aqui tem muita malhação e privação! Aliás, já notaram que, mesmo naquelas histórias, a vida das princesas não era fácil? Eram as princesas que tinham de sair correndo das festas, fugir de ogros e caçadores em florestas assustadoras, sofrer nas mãos dos malfeitores… e o príncipe entra no final, em seu garboso corcel, para beijar a princesa. Mas o tempo todo, quem teve de lidar com a bruxa, com os malfeitores, sofrer maus-tratos e beber veneno sempre foram elas, as princesas…

— Agora a coisa tá pior! — continua Carol. — Nós, as princesas modernas — e faz um gesto elegante com uma das mãos, fechando os olhos e repiscando, para se fazer de chique —, temos que enfrentar as baladas da vida, e por fim, de duas uma: ou aceitamos uma “promessa” de príncipe, que só vai ficar no beijo, ou esperamos que o príncipe ideal apareça. E sabemos que isso pode demorar muito e não acontecer, né? E, mesmo que apareça, quem garante o final “felizes para sempre”?

— E tem mais — acrescentou Maria. — Quem me garante que esse príncipe encantado é sério? Será que não está no SPC, SERASA, devendo por aí a “carruagem” e as “capas e espadas” que ostenta? Será que não tem outra lá no “outro reino” e não é mais um sacana para as mulheres?

— Espera aí, — ponderou Carlos. — Se o cara é romântico, carinhoso, meigo, afetuoso, simpático, bondoso, leva pau de vocês! O cara estuda, trabalha, se vira pra caramba nessa selva de pedra de hoje, com mil caras querendo passá-lo pra trás e chega lá arrumadinho, cheiroso… ansioso por um papo legal, por uma companhia. Se é boa pessoa, tem sentido de família, humilde, sincero, leva pau!

As duas olham com um ar de espanto para ele e em seguida, com um sorriso, Maria se aproxima, coloca uma das mãos no ombro de Carlos e completa:

— Um cara que é amigo, que ouve, que cuida…

Carol também se aproxima e com seu sorriso brincalhão, abraçando Carlos, diz:

— Ah, este é o nosso Carlão. É o nosso príncipe!

E riem juntos da brincadeira…

Próximo dessa cena, eu acompanhava a conversa descontraída deles e procurava, no meu notebook, algum artigo que pudesse desenvolver o tema felicidade continuada, que propus ao grupo. Na verdade, tenho estudado o assunto sob a ótica da qualidade de vida, ligado à questão do planejamento e desenvolvimento urbano, que é a disciplina que leciono na Faculdade de Engenharia de Joinville, onde sou professor há 28 anos.

Carlos, 31 anos, solteiro, é advogado bem formado e, além de estar iniciando como empreendedor, mantém com alguns colegas um escritório de assessoria jurídica e leciona Direito Ambiental em uma de nossas faculdades, em Joinville.

Maria Cláudia, 29, é médica e começou a trabalhar numa clínica de radiologia em Florianópolis. Tem um namorado, o Maurício, também médico, e está se preparando para casar, mas quer antes se firmar na vida profissional.

Maria Carolina, a Carol, 23 anos, é a artista da família. Formada em Artes Cênicas, dança maravilhosamente e já foi atleta olímpica (Sidney 2000) da seleção brasileira de ginástica rítmica.

— Olha o que encontrei na Net sobre esse assunto! — exclamei. — A biografia de uma princesa do nosso mundo real: a fantástica princesa Diana. Tem aqui uns detalhes muito interessantes do que foi sua existência, infelizmente abreviada de forma tão chocante…

Li para eles o que descobri na Wikipédia:

 

Diana, Princesa de Gales (Diana Frances, nascida Spencer; Sandringham, 1 de julho de 1961Paris, 31 de agosto de 1997) foi a primeira esposa de Charles, Príncipe de Gales, filho mais velho e herdeiro aparente da Rainha Elizabeth II. Seus dois filhos, os príncipes William e Harry, são respectivamente o segundo e o terceiro na linha de sucessão aos tronos do Reino Unido, do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia e de outros doze países da Commonwealth.[1]

Após seu casamento com o Príncipe de Gales em 1981, Lady Di tornou-se uma das mulheres mais famosas do mundo: um ícone da moda, um ideal de beleza e elegância feminina, admirada por seu trabalho de caridade, em especial por seu envolvimento no combate à SIDA/AIDS e na campanha internacional contra as minas terrestres.

O casamento foi inicialmente feliz, mas terminou em 1996, após vários escândalos tanto por parte de Charles como de Diana.

Sua trágica e inesperada morte em um acidente de carro, em Paris, foi seguida de um grande luto público pelo Reino Unido e, em menor escala, pelo mundo. Seu funeral, em setembro de 1997, foi assistido globalmente por cerca de 2,5 bilhões de pessoas.

Mesmo uma década após a sua morte, a “Princesa do Povo” (termo cunhado pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair) continua sendo uma das celebridades mais constantes na imprensa, servindo de tema para milhares de livros, jornais e revistas. O seu nome é citado pelo menos 8 mil vezes por ano na imprensa britânica.

Os vários biógrafos de Diana divergem-se quando o assunto é a decadência de seu casamento; Andrew Morton, por exemplo, culpa a “crueldade” de Charles, enquanto que Sally Bedell Smith aponta os supostos “distúrbios mentais” de Diana; a jornalista Tina Brown, por sua vez, atribui o desastre à ingenuidade da princesa em uma ficção forjada pelos tablóides.

A morte de Diana tem sido matéria de difundidas teorias de conspiração apoiadas por Mohamed Al-Fayed cujo filho Dodi morreu no acidente. Tais teorias foram rejeitadas pelos investigadores franceses e oficiais britânicos, que relataram que Henri Paul, o motorista do automóvel, estava sob efeito de bebida e drogas. Em 2004, as autoridades ordenaram um inquérito independente por Lord Stevens, um ex-chefe da Metropolitan Police Service. Lord Stevens disse que o caso era “mais complexo do que pensava” e declarou ter conseguido novas evidências forenses As autoridades francesas também decidiram reabrir o caso.

 

— Sua personalidade forte, simples e humana e sua dedicação a causas sociais importantes do mundo sempre me impressionaram de forma positiva — comentei após a leitura. — Na sua vida, há, sem dúvida, cenas que se assemelham aos contos de fadas de príncipes e princesas que todos ouvimos quando éramos crianças: a jovem plebeia é escolhida por um príncipe, casa-se com ele, vai morar num castelo e são felizes para sempre. Muitos também viram assim a jovem e bonita professora e o Príncipe de Gales. Muitas jovens identificaram-se com ela. Mesmo depois que o casamento começou a ruir (na verdade, parece que nunca foi sólido o bastante), muitas mulheres também se solidarizaram e se identificaram com Diana, a esposa enganada e relegada pelo marido. O ser humano da vida real saía do conto de fadas e sentia, como todas as suas admiradoras, a dor da solidão, o desgosto e a depressão. Notável é que ela continuou cultivando sua personalidade gentil, humana e dedicada a causas nobres e a cada dia crescia o número de seus admiradores no mundo inteiro. Ela parecia estar num novo momento, encontrando um novo amor e contagiando a todos com seu sorriso de felicidade, e mais uma vez milhares de mulheres queriam estar no lugar dela. Mas aí veio o túnel sem saída, o acidente que chocou o mundo e tirou a vida da princesa, a mulher mais fotografada do mundo.

Maria comentou:

— Impressionante e triste a história dela! Mas ao mesmo tempo é possível ver tantos traços comuns, de vidas comuns que não de princesa e que levaram, talvez, a esse desfecho…

— É verdade — diz Carol. — A infância de Diana num lar desfeito, com os pais divorciados, ou a timidez que ela parecia tentar esconder ou superar.

Carlos afirmou:

— Claro que também contribuíram para as dificuldades o condicionamento da sociedade em que ela vivia e, quem sabe, a ilusão ou a oportunidade que ela viu da realização de seus sonhos de mulher ao encontrar um príncipe de verdade.

— A dor e a traição que ela sofreu no casamento, como qualquer mulher sentiria, a perspectiva de um novo amor… — completou Maria.

— Me parece que o ambiente em que ela vivia, os holofotes, os interesses e as disputas internas, semelhante ao ambiente em que vivem outras celebridades, criou uma série de obstáculos, desvios e desencontros, propiciando o afastamento e a separação… — comentei.

— Mas hoje em dia quase todo o mundo vive em ambientes assim, mesmo as pessoas comuns, que não frequentam essas rodas, porque a vida se tornou muito complexa, com muitas interações e interferências, tudo ocorrendo tão velozmente, num turbilhão diário de angustiantes e múltiplas escolhas. Talvez se esteja perdendo o rumo da felicidade mais facilmente — emendou Carol.

— Gostaria de aprofundar isso com vocês. Finais trágicos de celebridades como a princesa Diana, Elvis Presley, Marylin Monroe, Elis Regina e, mais recentemente, Michael Jackson, causados, em princípio, por uma conjunção de fatores, parecem estar se repetindo de maneira mais comum e intensa em todas as camadas sociais — falei.

— Tem coisa muito louca acontecendo com as pessoas — disse Carlos. — Tem gente surtando e espalhando terror, como nos casos frequentes de ataques de pessoas armadas a escolas e a outros locais públicos. Nos Estados Unidos, diríamos que é pela facilidade da aquisição de armas, mas tem casos por todo o mundo: na Inglaterra, onde um “jovem esquisito e infeliz”, como dizia a reportagem, matou várias pessoas numa escola; na Bélgica, um sujeito entrou numa creche e matou duas crianças e um adulto; na Alemanha, também numa escola, foram assassinadas friamente dez pessoas, e várias foram feridas. Até aqui no Brasil, entre tantos crimes, temos aquele do estudante de medicina que invadiu um cinema atirando nas pessoas.

— Essas loucuras, infelizmente, me lembram daquele caso terrível, o mais terrível para mim, da menina Isabela, atirada pela janela do seu apartamento… — lembrou Maria. — Quem faz uma coisa como essa tem absoluta falta de amor, de Deus no coração.

— O que vejo, além de termos historicamente muita violência e impunidade no Brasil — diz Carlos —, que se agravam por causa dos nossos sistemas falhos de segurança e justiça, é que estão acontecendo muitos crimes no dia a dia, praticados por pessoas aparentemente normais, mas que se comportam, de repente, como débeis mentais.

— A própria Internet, o instrumento da modernidade para tanta coisa boa, tem sido usado para atrair vítimas para os malfeitores e psicopatas — diz Carol. — Acho que um dos desajustes ou crimes mais graves é essa coisa da pedofilia na Rede…

— Existem mais de 50 mil sites de pornografia infantil na Internet— diz Carlos. — E há poucos dias, vocês viram, foram condenadas a 867 anos de prisão sete pessoas, entre elas empresários, um ex-procurador e um funcionário público, todos envolvidos numa rede de pedofilia em Roraima! Tem muita sujeira e perigo por aí, na “selva virtual”.

— Claro que há o outro lado: tem muita coisa boa, acontecendo — diz Maria. — Na minha área, a saúde, vejo que há muitos ganhos em qualidade de vida e que os avanços são cada vez maiores e mais rápidos em função da globalização, da comunicação, da tecnologia, mas também sinto que a pressão sobre as pessoas tem aumentado e, com ela, também aumentam as queixas do povo.

— É isso. A questão que quero avaliar é se seria possível ter felicidade duradoura no mundo de hoje — falei. — Penso que dois aspectos fundamentais para responder a essa pergunta devem ser analisados, necessariamente. Primeiro: a sobrevivência do ser humano inserido no atual modelo de vida, que se baseia numa escala de valores materialista que amplia suas angústias, suas desilusões e seu sofrimento. Segundo: a sobrevivência da humanidade em face do desenvolvimento insustentável, que vem causando problemas ambientais de proporções mundiais. Quero ir mais fundo no assunto, que sempre foi o foco do meu trabalho no planejamento urbano, como professor ou como secretário municipal: cidades e pessoas vivendo com qualidade de vida, de forma sustentável. Quero algo mais que qualidade de vida duradoura, ou seja, mais que o produto da sustentabilidade ou o próprio desenvolvimento sustentável. Ou, para ser mais simples e direto: cidades e pessoas felizes para sempre. Seria possível?

Imediatamente, Carol ponderou:

— Acho muito legal a ideia e que é uma pesquisa desafiadora, pois é um tema que lida com visão de mundo. Porque, afinal a pergunta “o que é felicidade?” parte de uma premissa cultural (no sentido amplo da palavra), por isso existem muitos caminhos que se podem seguir.

— Como falei para a Maria — continuei —, as coisas foram se encaixando e ficando claras para mim, principalmente depois de algumas experiências que foram marcantes para mim, como o encontro com James Hunter, autor do livro O monge e o executivo, e minha viagem à China, quando ganhei aquele manuscrito fantástico. Sem me esquecer, é claro, de um dos momentos inesquecíveis da minha passagem pela Câmara Federal, que foi ter recebido pessoalmente o Dalai Lama e ouvido sua resposta ao meu questionamento exatamente nessa direção. Vejo que, agora, depois da experiência administrativa com a questão ambiental, na prefeitura e na direção da Companhia de Águas e Saneamento de Santa Catarina, tenho que juntar as peças finais. Mas preciso rever a literatura e discutir o assunto com algumas pessoas. Tenho certeza de que vocês poderão contribuir, e muito. A Carol com a parte filosófica e mais transcendental, a Maria com a visão da saúde e o Carlos com o necessário pragmatismo do advogado. Alguns encontros, e juntos poderemos curtir um pouco. Já tenho muito material e poderia passar alguma coisa a vocês, a fim de preparar e provocar a discussão.

— Uma coisa que percebi — complementou Carol — é que a questão foi posta muito mais no âmbito profissional, nas experiências profissionais relacionadas à qualidade de vida em que o “eu” trabalha. O “eu”, que quer sempre se sentir útil, é um dos maiores vazios que tentamos preencher a vida toda para dar sentido à nossa existência. Por outro lado, tem a questão afetiva, que também é base para que o “eu” se sinta feliz, completo. Existem as condições materiais, em todos os sentidos, desde a nossa condição humana de ser de carne e osso (e aí entra a saúde, nesse plano material; penso que a saúde mental está mais relacionada às questões afetivas) até as condições materiais no sentido financeiro (relacionadas ao âmbito profissional). Por último, o que me passa pela cabeça agora é a condição espiritual, que é um âmbito que contém todos os outros, mas que na maioria das vezes é tratado separadamente e que também, hoje em dia, virou estilo de vida. Sem pensar muito, só de falar agora, qualidade de vida para mim é uma pirâmide de base quadrangular, e em cada ponta estão as condições: biológicas, afetivas, profissionais, espirituais. E a ponta lá de cima é a condição cultural, responsável por gerar o olhar e o valor de cada coisa que trará felicidade. Acho que você já deve ter pensado em tudo isso, claro. Não sei se vou poder ajudar muito, não que eu não queira, mas porque cada dia parece que sei menos sobre as coisas. Mas só de conversar e procurar já vai ser bom.

— Achei muito interessante e criativa a ideia da pirâmide — comentei. — Já estou a imaginando espacialmente, com diversos tamanhos, dimensões, inclinações… Coisa de engenheiro… Vamos fazer o seguinte: procurem textos, livros e conceitos sobre felicidade duradoura, continuada, pra gente voltar a discutir, tá? — propus.

— Legal, é um tema muito interessante mesmo — disse Carol, mais empolgada, com a concordância dos outros, que balançaram afirmativamente a cabeça.

— Quem sabe, para a reunião ficar mais interessante, a gente traz uns sushis e sashimis… — falei.

— Agora sim, fechou bem! — exclamou Carlos, arrancando um sorriso de todos.

— Mas antes olhem mais este texto da Internet, para não perdermos aquele sonho de sermos “felizes para sempre”… — pedi.

 

A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar conosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar a Tour d’Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar. O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. O Príncipe que sabe o que quer é o namorado mais porreta do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. […] Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. […] Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe […] porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes. Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixá-lo ficar um dia atrás do outro… E se for mesmo ele, fica.[2]

Maria comentou com um sorriso, mas com os punhos fechados:

— Por que a gente não enxerga estes, os bons, e sempre persegue os malvados?

 

[1] Organização composta por 55 países independentes que compartilham laços históricos com o Reino Unido, com duas exceções: Moçambique e Ruanda. [N. do E.]

[2] Texto de Margarida Rebelo Pinto. Disponível em: <http://jatoba.bloguedobebe.com/1357/Os-nossos-principes>. Acessado em: 29/9/2011.

 

(Capítulo 1 do livro “Felicidade sustentável”, de José Carlos Vieira)

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