5º Concurso Literário – Mod. Ensino Fundamental – Composição em Prosa – 1º Lugar
5º Concurso Literário Carlos Adauto Vieira
1º lugar na modalidade Ensino Fundamental, Categoria Composição em Prosa
Texto: As cartas que nunca enviei
Autor (a): Mel Santana Caxeta
Professor (a): Lucas Amorim
Escola: EEF Prof. Rudolfo Meyer
As cartas que nunca enviei…
“Não quero mais estar aqui, dói demais” eu falo para a garota que me observa em frente ao espelho. “Eu sei”, ela sussurra de volta enquanto alcanço meu caderno e arranco duas folhas de papel, escrevendo “Mãe” em uma e “Pai” na outra. As primeiras linhas de ambas dizem: “Sinto muito”. Sento-me à beira da cama enquanto guardo as cartas em envelopes separados, mas antes de alcançar o frasco de comprimidos na mesinha de canto, rapidamente arranco outra folha de papel. “Mais uma carta”, digo a mim mesma antes de escrever o nome do meu irmão no topo. Ele merece saber o quanto eu o amo e que não foi culpa dele. Antes de dar meu último suspiro, abro a tampa do frasco que acabará com meu sofrimento, e antes de despejar os comprimidos em minhas mãos, arranco mais uma página do caderno. “Para minha melhor amiga”, diz a primeira linha.
Antes de terminar o que pensei ser minha última carta, arranco mais quatro folhas, depois cinco, depois seis, porque há tantas pessoas que amo e que quero me despedir. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto olho para a garota no espelho. “Se você tem tantas cartas para escrever, você tem razões para ficar”. Ela não disse isso, mas eu sabia que era o que ela pensaria naquele momento.
Naquela noite, rasguei as cartas, amassei-as em uma bola e as joguei pela janela do quarto. Quando a manhã chegou, meu irmão não gritou pelo meu nome ao ver meu corpo sem vida na cama. Em vez disso, ele gritou meu nome perguntando se eu queria jogar videogame com ele, e é claro que eu joguei, porque ele merece isso, e não uma carta explicando por que o amor dele por mim não foi suficiente para me fazer querer ficar.