5º Concurso Literário – Mod. Ensino Fundamental – Composição em Prosa – 3º Lugar
5º Concurso Literário Carlos Adauto Vieira
3º lugar na modalidade Ensino Fundamental, Categoria Composição em Prosa
Texto: É a vida
Autor (a): Bruno Henrique Fock Machado
Professor (a): Jaqueline Roberta Venera
Escola: EM Prof. Virgínia Soares
É a vida
Acordo mais uma vez, mais uma manhã fria na semana, arrumo-me da mesma forma que faço todos os dias. No caminho da escola, ouço a conversa da morte de alguém que não conheço, um nome, uma pessoa desconhecida. Enquanto desenrola-se o diálogo, o qual não participo, observo a chuva que fortemente cai sobre a janela do carro em movimento, surge aí uma certeza: pessoas morrem, mas é a vida.
No fundo eu sei, essa chuva vai lavar nossas memórias, tudo isso vai cair em esquecimento, tudo se perde, tudo se esquece, tudo… tudo mesmo será rebaixado a um simples acontecimento infeliz na história de alguém, mas é a vida.
Organizo meus pensamentos que falam desordenadamente e percebo, um dia nosso fim também se resumirá a uma frase “morreu fulano lá num acidente”, “morreu de uma doença”. Nossa morte, nossa vida, nossa existência como ser vivo ou como um conceito será levada embora da maioria das consciências daqueles que estão ao nosso redor, mas isso é a vida.
Da mesma forma que ouvimos sobre a 5ª pessoa morta na semana e sem reação retornarmos ao nosso café da tarde, nossa morte também será só um número, só um nome, só um alguém, mas isso é simplesmente a vida.
Vivemos mesmo assim, sentimos a chuva que cai cada vez mais, com poucos motivos para se importar com aquele número, aquele nome, aquela pessoa, cada vez mais caindo em esquecimento, é a vida, né? Esse texto que desastradamente jorra sentimentos, será esquecido junto da pessoa que o escreveu e, eventualmente, das pessoas que o leem, mas aparentemente isso é a vida.
Qual é esse valor monumental que a vida possui se ela é um mero “click” de tempo no universo em que será esquecida, a chuva cairá eventualmente, ela sempre cai, e assim vai continuar a cair até nos tornarmos conceitos, isso que é a vida?
Mas a saudade, a tristeza, toda a dor, alguém sentirá tudo isso. Alguém não nos verá como números? Como nomes? Como só alguém? Iremos morrer, isso é inevitável, seremos esquecidos em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos e por aí vai, mas não se pode mudar o ciclo da vida. O que se pode fazer, é manter aqueles que não nos veem como números, como nomes, como só alguém por perto, e assim mesmo, que não para sempre, por algum tempo seremos lembrados.
Chego em casa, veio a tarde, depois a noite, os dias continuam, pois, no fim das contas, é a vida.
Pseudônimo: K. Mihara