5º Concurso Literário – Modalidade Ensino Médio – Cat. Conto – 1º Lugar

 

5º Concurso Literário Carlos Adauto Vieira

1º lugar na modalidade Ensino Médio, Categoria Conto

Texto: Irmã Gêmea

Autor (a): Sophia Portes Voss

Professor (a): Carla Osmarina Albgano Lanza

Escola: SENAC

 

Irmã Gêmea

Eu estava deitada, não conseguia enxergar muito bem e me sentia fraca, era um lugar escuro e úmido. Eu estava assustada, mas assim que vi o homem de preto a minha frente me lembrei do que aconteceu, do motivo para eu estar naquele lugar quente e de mal cheiro. Eu roubei um colar, mas não qualquer colar, eu roubei o medalhão da rainha.

Isso foi há algumas semanas e desde então os guardas da rainha não param de me perseguir querendo me prender, bom parece que conseguiram.

— Então, foi você que roubou o medalhão da rainha? — O homem à minha frente pergunta em um tom irônico.

— Eu? Não! Foi a minha irmã gêmea — Eu respondo, sempre fui uma ótima mentirosa.

O homem parece confuso, mas ao mesmo tempo irritado. Ele me olha dos pés à cabeça, isso não demora muito considerando que estou sentada com as minhas mãos e pés algemados.

— Qual o seu nome?

— Elena. — Eu minto.

Até agora menti em muitas coisas, mas não menti sobre ter uma irmã gêmea, e o nome dela é Elena, não o meu.

— E qual o nome da sua irmã gêmea?

— Karina.

Eu menti novamente, meu nome é Karina.

— Só um minuto. — O homem fala e sai pela enorme porta de ferro.

Não demora muito para o homem retornar, porém agora ele volta com 2 guardas, eu me lembro deles, tentaram me pegar no dia em que roubei o medalhão.

— O que você acha? — O homem de preto pergunta ao guarda da direita.

— Você não tinha o cabelo escuro e longo, garota? — O guarda da direita, que parece ser muito mais novo do que o da esquerda, responde.

— Não! A minha irmã gêmea tem! — Eu minto novamente.

Eu sabia que iriam me procurar, então pintei meu cabelo de lilás e o cortei na altura do queixo. Mas o cabelo da minha irmã não tem exatamente essa descrição, ele é um pouco mais claro do que o meu costumava ser, também é menor do que o meu era. Mas não é algo tão evidente, ainda mais porque os guardas estavam prestando atenção na bolsa em que guardei o medalhão e nao na cor e comprimento do meu cabelo.

— A sua irmã, Karina, te contou o que fez? — O guarda da esquerda pergunta.

— Não, eu apenas vi o medalhão na cama dela, e dias depois fiquei sabendo que o medalhão havia sido roubado. — Respondo.

— Como ficou sabendo que o medalhão foi roubado? — O homem de preto pergunta.

— Ouvi alguém falar quando estava fazendo compras. — Respondo com mais mentiras.

— Você tem uma boa relação com a sua irmã? — O guarda da direita pergunta.

— Não. — Respondo mais rápido do que das outras vezes.

Essa é a primeira vez que não menti. Eu e a minha irmã nos odiamos desde sempre, e isso explica o porquê de eu não me importar em culpar ela por algo que eu fiz.

— E por que não a denunciou? — O mesmo guarda complementa.

— Eu ia, mas ela me ameaçou.

— Bom… você jura que está falando a verdade? — O homem de preto pergunta de maneira séria.

— Juro pela minha própria vida. — Respondo com uma seriedade proporcional.

— Pode nos levar até Karina? — O guarda da direita quebra os segundos de silêncio.

— É claro. — Eu respondo com frieza.

O guarda que estava na esquerda tira as algemas dos meus pés e mãos e me guia até a porta. Eu saio olhando em volta, percebendo o quanto o lugar é precário. Enquanto ando, noto que o homem de preto permanece sempre atrás de mim. Os dois guardas me guiam até o portão principal, e de lá pegam um cavalo cada um.

— Pode vir aqui, será mais rápido. — O guarda mais velho fala.

Eu olho em volta e percebo que o homem de preto não está mais atrás de mim. Em seguida retorno meu olhar aos guardas e escolho subir no cavalo do guarda mais novo.

Nós galopamos enquanto dou instruções e coordenadas até minha casa. Quando chegamos lá os guardas descem dos cavalos e logo avistam minha irmã regando as plantas do jardim. Eles correm até ela e a algemam.

— Você está presa Karina! — Ambos os guardas gritam.

A melhor parte é que ela não pode negar ser a Karina, isso porque ela não fala.

Sapatilha

 

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