A causa humana (Donald Malschitzky)

A causa humana

Donald Malschitzky

Cidadão joinvilense mostra sua indignação pelo resultado das eleições para a Câmara no Município. Para começar, reclama que nunca ouviu falar do vereador mais votado. Coloco isso aqui apenas para contextualizar, afinal, muita gente se indigna com a quantidade de folhetos, mensagens, visitas etc. que recebem dos candidatos. Na próxima, quem sabe, ele ouça falar de todos os candidatos.

Também manifesta uma preocupação muito pertinente com o ser humano, que afirma ficar sem assistência na nova gestão, uma vez que foram eleitas duas vereadoras ligadas à causa animal, o que significa, conforme ele, “que a causa animal, agora, é mais importante do que o ser humano”.  Não deixem isso chegar aos ouvidos dos animais, pois poderão exigir, no mínimo, uma retratação, e será uma sinfonia ensurdecedora de “miaus” e “aus”.

Apesar da piada que tal cidadão conta, embora fale sério, ponderemos: de onde tirou que aqueles que são a favor da causa animal não se importam com o ser humano?  Pensa que os vereadores não conseguem se dedicar a mais do que um assunto em seus mandatos?

Animais domésticos e seres humanos compartilham o mesmo habitat, mais ou menos juntos, conforme as circunstâncias, e os bichos estão sujeitos a problemas de saúde, dependendo de como são cuidados por seres humanos, e são esses que os abandonam nas ruas, transformando-os em um problema de saúde pública que precisa ser resolvido, embora muita gente ache que abandonar os animais já seja a solução. E essa gente reclama dos políticos!

Nem precisa de muita empatia para certificar-se do bem que a companhia de animais faz aos seres humanos. São muitas as iniciativas para facilitar o convívio de pessoas com bichos, especialmente crianças com alguma comorbidade e idosos, e os resultados são altamente promissores para o Índice de Felicidade, que é medido nos semblantes humanos, no ronronar dos gatos, nos cães deitados de barriga para cima para receber carinhos e nos fluidos que circulam nos ambientes.

Terminemos com a colocação de dois gênios, um da ciência e outro da literatura, sobre o que pensavam sobre o assunto: “A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana.” (Charles Darwin). “Ao estudar as características e a índole dos animais, encontrei um resultado humilhante para mim.” (Mark Twain).