A menina mascarada (Marinaldo Silva)
A menina mascarada
Marinaldo Silva
Muita coisa mudou depois daquele tempo em que vivíamos afastados. O Peio agora estuda comigo pelo computador e a gente nem sente mais tanta falta dos jogos. Salvei algumas frases que as pessoas postavam falando em valorizar as coisas mais simples. Virei meio investigadora, e aos 12 anos, é uma tarefa bem difícil, porque é bem complicado esse negócio de afeto. Quando eu crescer quero ser alguém que fale o tempo todo dessa preocupação com o abraço. Marquei aqui, frase da minha mãe: “Na hora do abraço o corpo deixa de ser corpo e vira laço”. Serei uma protetora das promessas para que não sejam esquecidas. Dia desses nos reunimos, vi gente bicuda pelos cantos. Não deu outra, coloquei a minha máscara e apareci na sala. Na mesma hora todos entenderam o que tinham prometido.