Ac. Adauto leu “Contos”, de Hemingway
CONTOS OBRIGATÓRIOS
Carlos Adauto Vieira- Cadeira 30 da A J L
Já lhe tinha lido alguns, assim como novelas, mas o único que me sobrara fora “O Velho e o Mar”, a mim presenteado pelo inolvidável Otair Becker, tão bem biografado pelo historiador e, hoje, duplo acadêmico, Apolinário Ternes, pois Otair não se conformara que Santiago perdesse aquele peixe enorme para os outros. Lá na Praia Alegre. Era uma edição da Civilização Brasileira, que o nosso filho caçula Marcel leu aos seus cinco anos. Escondido no sótão da nossa casa. E nos dando um susto pelo seu desaparecimento. Depois em revistas (Senhor, Entrelivros) li-lhe algumas obras mais. Porém, sempre me ficou a angústia de não lhe haver lido os contos. Cheguei a estar com a coletânea, em Inglês, na mão. Mas era incompleta. Alguns contos selecionados. Fiquei torcendo pela tradução. De todos. Ela chegou pela Bertrand Brasil em 2015. Não desperdicei tempo. Encomendei-a em uma das livrarias da cidade. E estou acabando os três volumes. Com a sonhada impressão. Hemingway nos contos, aparentemente simples, tem o poder de ser coloquial pictórico e histórico. Parecem crônicas de tão coloquiais; a paisagem é descrita com perfeição e os enredos têm começo meio e fim. Sejam do tamanho que sejam. Há curtos, médios e longos. Tem-se a impressão de que aquele senhor bonachão das fotos, bebedor e brigão das biografias, é um avozinho a nos contar estórias para dormirmos. Máximo, se as lemos a buscar o sono! Ou se as lemos ao acordar, como se Ele houvesse dormido conosco e, mesmo dormindo, no-las fosse narrando de improviso para nos mantermos ao seu lado. Prendem!!! E, algumas, ainda por cima, são nostálgicas, trazendo-nos paisagens vistas em revistas e/ou em filmes, como trens do começo do serviço ferroviário norte americano; parques; ursos e outros animais. Ou despedidas de namorados durante a guerra, seja de 14, seja de 39. Ou de atividades de soldados e sargentos enfermeiros durante ela, produzindo diálogos facilmente admissíveis como verdadeiros apenas trasladados. Ou repetidos pela memória. A leitura nos conduz, fatalmente, à sua biografia e ao seu famoso livro “Paris é uma Festa” ou ao “Shakespeare & Cia.”, memórias daquele tempo pós 1ª.guerra, livro indispensável para se conhecer os grandes escritores, ainda atuais, iniciados naqueles dias!