Ac. Alessandro leu “1499 – O Brasil antes de Cabral”, de Reinaldo José Lopes

“1499 – O Brasil Antes de Cabral”, de Reinaldo José Lopes.

Você gosta de história? É curioso, a ponto de tentar entender o que aconteceu no passado, viajando em letras que o movem para um mundo tão distante e ao mesmo tempo tão perto? Então você precisa ganhar um tempo lendo “1499 – O Brasil Antes de Cabral”, de Reinaldo José Lopes. (Lopes, Reinaldo José. 1499: a pré-história do Brasil – 1ª ed.- Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017.).

O autor é repórter e blogueiro colunista da Folha de São Paulo. Doutor em literatura inglesa, além de pesquisador sobre as ciências que investigam o passado remoto, em especial a arqueologia, a paleontologia e a biologia evolutiva.

Nesta excelente obra, a viagem ao passado inicia com a descoberta de uma preguiça gigante, que devia pesar cerca de 200 quilos, que morreu há 15 mil anos, em uma caverna no interior de Minas Gerais. Assim como este fóssil, o descobrimento do que é considerado um dos primeiros seres humanos a habitar o Brasil, Luzia, uma mulher que viveu há cerca de 11,5 mil anos atrás. Relata o surgimento dos primeiros brasileiros, que chegaram até aqui através da Beríngia, pouco antes do final da Era do Gelo.

A Obra ainda situa a evolução dos indígenas pré-históricos na questão agrícola, onde, ainda não se sabe ao certo, domesticaram diversas plantas a fim de que fossem viáveis para o manejo, criando uma dúvida quanto a origem do sedentarismo, sem saber qual seria a causa ou o efeito. A consequência foi o adensamento populacional em algumas regiões. Ao efeito, em que algumas tribos continuaram em sua vida de apenas caçadores-coletores. Assim como na questão da agricultura, foram surgindo animais domesticados, inicialmente com o único intuito de sustento da tribo. Curiosamente, existe até um “Stonehenge amazônico”, grandes estruturas megalíticas no estado do Amapá.

Por fim, a fascinante descrição histórica pré Cabral, mostra as diferentes etnias que compõem a formação indígena brasileira e seus idiomas, sendo os mais representativos o grupo tupi, carib, aruak e macro-jê. Imperdível também são os relatos feitos pelo bandeirante paulista Antônio Pires de Campos, em 1723, sobre as povoações do Alto Xingu, e também o surgimento do cavalo pantaneiro, utilizado em muitos conflitos contra invasores europeus, findando na citação da participação indígena na Guerra do Paraguai.

Obra de relevante curiosidade histórica, que demandou longo tempo de trabalho de campo e pesquisa. Nos faz esquecer totalmente a ideia de que o Brasil era uma imensidão de mato ocupada por alguns índios.

Alessandro José Machado, Cadeira 21 da Academia Joinvilense de Letras.

 

 

 

 

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