Ac. Alessandro Machado leu “A Grande Fake News da Esquerda”, de Tiago Pavinato

Ac Alessandro Machado leu “A GRANDE FAKE NEWS DA ESQUERDA. O perfil de um criminoso conhecido e famoso pela alcunha de Lampião” , de Tiago Pavinato da Silva

 

 

Tiago Pavinatto é advogado, professor, jornalista, comentarista político e apresentador de programa televisivo.

Como operador policial, apaixonado por leitura, especialmente o que tange à história nacional, lembrei de um livro antigo que havia lido na adolescência, e que incrivelmente encontrei no baú de quinquilharias da casa materna. Reli, a pequena obra ilustrada de Eduardo Barbosa, intitulada de “Lampião, rei do cangaço”, de 1978, em que na época de adolescente, mais me fascinou pelas imagens antigas do que pelo conteúdo, apesar de ter sido bastante influenciado, na época, pela narrativa de que Lampião era realmente uma espécie de Robbin Wood, um herói dos pobres e redentor dos oprimidos.

Há alguns anos atrás, muito depois de ter lido Eduardo Barbosa pela primeira vez, tive a curiosidade de estudar a obra de Eric Hobsbawn, intitulada “Bandidos”, em que muito bem retrata a história contemporânea do banditismo. Nesta grande obra, o banditismo é retratado de forma imparcial, mostrando ao passar por cada personagem, nuances de protesto social organizado, e procurando definir, sem esconder a crueldade por trás disso, quais fatores políticos, econômicos e sociais que levaram àquela realidade, em seu tempo. Um dos personagens abordados por Hobsbawm é justamente Lampião. O historiador, resumindo em breves palavras, definiu Lampião como um bandido cruel, sem escrúpulos, que massacrou trabalhadores, torturou idosa e executou pessoas que nada lhe deviam com sádicos requintes de crueldade. “Causar terror e ser impiedoso é um atributo mais importante para esse bandido do que ser amigo dos pobres.”

Graciliano Ramos, renomado romancista brasileiro, alagoano, autor de Vidas Secas, entre outras grandes obras, contemporâneo de Lampião, o definiu como um “monstro, símbolo de todas as monstruosidades possíveis”. Com estas informações, de versões diferentes em relação a definição de Virgulino Ferreira em seu aspecto moral e comportamental, veio a oportunidade de ler a obra de Tiago Pavinatto. Esta obra, rica em bibliografia, expõe o que muitos não tiveram a oportunidade de saber em sua formação escolar, onde o romantismo exacerbado eivado de paixões ideológica motivadas pelo momento pós-regime militar, fez com que a mídia e as artes retratassem um bandido como herói. Na verdade, entendendo a necessidade regional de explorar uma imagem, não se admite que alguém em um passado relativamente recente seja visto como um pai dos pobres, até porque, de forma bem instruída, a obra prova que ele explorava os pobres, sendo os cangaceiros, especialmente Lampião, um homem rústico, vaidoso, porém rico. No aspecto humano, até naquela época pode ser visto como desumano matar um semelhante fazendo-o ingerir grande quantidade de sal. Atualmente, existe uma modalidade de crime, surgido (ou ressurgido) no nordeste brasileiro, em suas pequenas cidades do agreste, em bandidos reunidos em bando, fortemente armados, tomam a cidade com violência, subjugando as diminutas forças policiais, fazendo reféns, muitas vezes amarrado pessoas indefesas no capô dos veículos, a fim de não serem atacados, e assaltam agências bancárias. Não por acaso, tal crime já é chamado de “Novo Cangaço”.

Achei importante e interessante a leitura da obra de Pavinatto, onde muita coisa passa a fazer sentido de forma histórica, desfazendo com argumentos e principalmente com fontes antigas e confiáveis de pesquisa, corroborando com as definições de Eric Hobsbawm e de Graciliano Ramos.

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