Ac. Alessandro Machado leu “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse

Ac. Alessandro Machado leu “O Lobo da Estepe”, de Hermann Hesse

 

Hesse, Hermann. O lobo da estepe – 54ª Ed.- Rio de Janeiro: Ed. Record, 2022.

Comecei a gostar de Hermann Hesse depois que um grande amigo, descendente de alemães, chamado Sílvio Hepp, me indicou Sidarta, para ler. Ele já era um grande apreciador das obras do autor, e após ter lido o livro indicado, acabei comprando mais um, Demian. Adorei ambos. Ocorre que o livro que mais me intrigava na época, era O lobo da estepe. Passado mais de duas décadas, acabei achando esta obra na Livraria Curitiba do Beira Mar Shopping e não tive dúvida, comprei.

Hermann Hesse, nascido na Alemanha em 1877, escreveu este livro em 1927. A obra que conta a história de Harry Haller (seria um pseudônimo para Hermann Hesse?) dividida em três fases. A primeira, uma versão do personagem contada por um terceiro, sobrinho da senhoria do Lobo que o teve como hóspede. Esta parte se dá no prefácio do autor, onde narra sob o foco burguês, os estranhos e ímpares hábitos, que conflitam com os seus.

A segunda parte é narrada pelo próprio personagem, tendo como a juventude, uma autobiografia do autor. Um fato bastante evidente nesta parte é a insistente descrição de que o personagem, avesso à burguesia, não consegue (ou intimamente não quer) ver-se livre dela. Em todos os seus hábitos, demostra não saber viver sem o que o capitalismo e a vida burguesa oferecem. Isso vai ao encontro da análise feita pelo personagem que narra a primeira parte.

A terceira parte, surge o Tratado do Lobo da Estepe, recebido na forma de um panfleto entregue a Harry por um desconhecido na rua. No momento em que o leu, já percebeu que ele era o Lobo da Estepe. Meio lobo, meio homem, um paradoxo entre ser e ter, entre a liberdade selvagem e a vida regrada da sociedade.

O Lobo da Estepe é uma obra intrigante. Faz refletir sobre diversos aspectos, fazendo em suas palavras muito bem colocadas no romance, a existência prevalecer à essência. As divagações sobre Goethe, iniciadas com um professor e terminadas em um bar com uma desconhecida, demonstram também a grande predileção do autor pelo polímata alemão do século XVIII.

Segundo a crítica, esta obra na época conseguiu desagradar tanto a esquerda quanto a direita. Para mim, um bom indício.

Eis um livro para ler e reler. Uma das melhores obras que já li. Hermann Hesse ganhou o prêmio Nobel de literatura em 1946.

 

Por Alessandro José Machado

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