Ac. Alessandro Machado leu ” O soldado absoluto”, de Wagner William

O soldado absoluto (Wagner William)

Alessandro Machado

 

Wiliam, Wagner. O soldado absoluto. Uma biografia do marechal Henrique Lott. 2ª Ed.2006, Editora Record – Rio de Janeiro, 569p.

Sempre fui aficionado por biografias. Gosto de ler, especialmente as de figuras históricas, ou que marcaram uma época. Este é o caso do Marechal Henrique Lott.

O autor, jornalista e produtor, nasceu em São Paulo, em 1968. Trabalha em televisão desde 1987, com passagens por Rede Globo, SBT e Band. É autor do livro Sílvio Luiz – Olho no lance.

Em grande obra de extensa pesquisa bibliográfica, Wagner Wiliam consegue nos trazer uma visão do grande militar e político que foi Henrique Lott. No meio militar ele divide opiniões, sendo por muitos tido como um traidor carreirista, e por outros um grande estrategista com visão apurada do momento e dos fatos.

O soldado absoluto estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro, e antes de completar 11 anos, já desfilava garboso na parada de 1905. Passou marchando em frente aos pais sem lhes lançar um olhar sequer. Ao final do desfile, após o comando de “fora de forma”, seus pais o indagaram se os tinha visto, o que respondeu: “ Eu os vi, mas um soldado não olha para os lados…”

A obra traz um apanhado da vida pessoal, profissional e política do militar, iniciando na era Vargas, logo após seu suicídio, passando pelo período da segunda guerra mundial, eleições de Juscelino Kubitscheck, Jânio Quadros, João Goulart e Revolução de 1964. Foi ministro da guerra de Café Filho e de Juscelino, e indicou Odílio Denys para sucedê-lo. Ao permanecer como ministro de JK, garantiu sua posse com as tropas nas ruas. No movimento de 11 de novembro, recebeu a espada de ouro da comunidade defensora da legalidade constitucional (algo muito em falta nos dias atuais, o legal cumprimento da Constituição). Segundo relato de familiares teria recusado a espada.

Foi candidato à presidência da república, a fim de suceder JK. Foi derrotado por Jânio Quadros e suas vassourinhas. Fez importante pronunciamento às Forças Armadas quando Jânio Quadros renunciou, onde acreditava ser  legal a posse de João Goulart. Assim, contrapunha o ministro da guerra que o sucedeu, e acabou preso por 30 dias, dos quais cumpriu 15.

Após a revolução de 1964 passou a residir em Teresópolis. Continuava com sua rotina espartana, acordando às 4 horas da manhã e realizando sua atividade física matinal. Mostrou-se contra o regime militar, e em 1979 defendeu publicamente a anistia total e irrestrita.

Um livro que vale a pena ser lido. Independente de predileção ideológica, mostra de forma imparcial a trajetória de um grande militar, com detalhes apurados daqueles momentos históricos.

Alessandro José Machado

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