Ac. Walter Guerreiro leu “Não sei e não saberei jamais!”, de Ronald Fiuza
NÂO SEI e NÃO SABEREI JAMAIS!
Walter Guerreiro
Com o subtítulo questionador Ronald Fiuza como neurocirurgião e intelectual se debruça sobre a questão da consciência, autor aliás do seminal ” A consciência – uma viagem pelo cérebro”, este voltado para um público mais especializado uma vez que trata sobre as células nervosas desde a embriologia até a neurofisiologia e estudos recentes na mecânica quântica. Oliver Sacks, igualmente neurologista pelo Queen’s College de Londres também tratou desse tema em sua obra “O rio da consciência” em que evoca Darwin, Freud e William James, mas não indo tão longe quanto Fiuza. O livro recente de Ronald tem condições de ser um best-seller alcançando público amplo pela clareza com que foram levantadas as perguntas e o desafio nas respostas envolvendo seus posicionamentos. A centelha inicial parte do fisiologista Emil Du Bois-Raymond com sua teoria das séries de “moléculas eletromotoras” no músculo estriado fundando assim a eletrofisiologia o que leva Fiuza a se perguntar se podemos realmente conhecer os mecanismos da consciência e, por extensão, se podemos conhecer a fundo qualquer coisa expondo a evolução do homem e da linguagem, os mitos e as religiões até o surgimento da filosofia em um hábil jogo de enxadrista conduzindo o leitor à questão: o que é a verdade e dela as perguntas eternas sobre a origem de tudo, do próprio universo e do início da vida até a nossa espécie, a “sapiens” (seria mesmo sabedoria ou orgulho pretensioso?). Daí um pulo, a questão da consciência frente a ciência e das elucubrações sobre isso na filosofia, no pensamento simbólico, na tomada de decisões e na religião buscando o sentido da vida – e de tudo!
Encurralados no canto do tabuleiro vem o xeque-mate: o conhecimento é provisório, só sei que nada sei, teria dito Platão sobre Sócrates como um paradoxo (sem confirmação das fontes), entretanto, Sócrates afirmou durante seu julgamento que a vida não examinada não vale a pena ser vivida.
É o caso desse livro, vale, e muito a leitura, e como tal a recomendo.