Amor moderno
Apaixonei-me por um rapaz mais novo. Foi numa segunda-feira de carnaval. Ele estava todo sujo e chorava. Por alguma razão inexplicável aquilo despertou em mim um amor intenso. O coração é assim. O amor não tem explicação.
Felizmente vivo em um mundo que não tem preconceitos em relação à diferença de idade ou sexo entre pessoas que se amam. Basta amar e pronto. Foi amor a primeira vista.
Embora o conheça há apenas um ano, enamorei-me dele por completo. Hoje penso nele o dia inteiro. Não há um minuto em que eu o esqueça. Mesmo quando está de mau humor, o meu sentimento por ele só cresce. O amor que sinto é da espécie mais pura e desinteressada que existe. É um querer bem sem nada esperar em troca.
Atualmente é ele quem conduz a minha vida. Virou a minha razão de viver. Deu sentido a tudo que faço. Até mesmo meus objetivos mudaram em virtude de tê-lo conhecido.
O engraçado é que ele consegue tudo isso sem nada dizer. Ele ainda não fala. Nem mesmo poderia, pois é muito pequeno. Apenas sorri. Aliás, basta um sorriso para que eu me desmonte todo. Fico bobo como se um mísero olhar fosse o maior presente do mundo. Não troco um prêmio de loteria pela possibilidade de vê-lo uma única vez.
Outras vezes chora um choro sentido que corta o coração de qualquer ser humano. Quando o pego no colo ele para de chorar e respira aliviado, como se estivesse no lugar mais seguro do mundo. Isso para mim é a maior prova de amor que ele pode dar.
Sempre que saio para o trabalho ele ergue as mãozinhas, e solta um sorriso com covinhas que me faz querer ficar em casa. Quando percebe que não vai comigo, ele grita com força e chora. O coração aperta, mas sigo em frente acreditando que um dia ele entenderá que deixá-lo de lado para trabalhar é também uma forma de amor. Tudo o que faço é por ele e para ele.
O grande amor da minha vida tem nome. Chama-se Pedro e é meu filho. Ele fez um ano nessa semana. Embora não entenda direito o que aconteceu, certamente gostou da bagunça de ver as pessoas cantando parabéns pra você. Gostou também das caixas dos presentes. Ele brinca mais com elas e com o papel de embrulho do que com os brinquedos. Pureza de criança e corujice de pai que escreve para desejar um feliz aniversário ao seu filho.