CÉSAR AUGUSTO DE CARVALHO – Fundador
Cadeira 11
CÉSAR AUGUSTO DE CARVALHO (*1902 +1985)
Patrono: Duque d’Aumale.
BIOGRAFIA DE CÉSAR AUGUSTO DE CARVALHO
(Cópia na íntegra do discurso proferido pelo excelentíssimo imortal da Academia Joinvilense de Letras, datilografado de próprio punho).
Jornalismo – Literatura – Magistério
Nasceu na cidade de São Francisco do Sul, a 5 de novembro de 1902, segundo (sic) o segundo filho de Avelino Alves de Carvalho e D. Valesca Stein de Carvalho, ambos falecidos.
Fez seus estudos primários no Grupo Escolar “Conselheiro Mafra” e, no mesmo educandário, diplomou-se na Escola Complementar, que corresponde, atualmente, no primeiro ciclo do curso ginasial.
Prestou serviço militar no Tiro de Guerra 226, que lhe conferiu a caderneta de reservista, em 1919. Em princípios de 1920, transladou-se para Florianópolis, onde se matriculou na Escola Normal Catarinense, e ali cursou as duas últimas séries (terceira e quarta), formando-se em dezembro de 1921. teve como lente de Português o grande mestre Professor Barreiros Filho, que conhecia a matéria como ninguém e sabia transmiti-la aos seus discípulos, que se extasiavam com as suas aulas. Já nessa época, o douto Professor dizia que os trabalhos de redação do biografado semelhavam artigos de jornal.
Formado, César Augusto de Carvalho teve sua primeira experiência, como professor, nas Escolas Reunidas de Mafra, onde permaneceu, já como Diretor, até dezembro de 1922. Foi quando começou a enviar suas primeiras crônicas e contos no “Jornal de Joinville”, iniciando, assim, sua vida jornalística.
Deixando o magistério,voltou a Joinville, e entrou definitivamente a trabalhar na redação daquele jornal, cujo mentor era o jornalista Dr. Ulysses Alves Gerson da Costa, Juiz do Direito da Comarca. Eduardo Schwartz, proprietário da folha, ministrou a César A. de Carvalho os primeiros conhecimentos sobre revisão, entregando-lhe uma tabela dos sinais usados. Além de revisor, este passou a escrever, também, vários assuntos da cidade, do Estado, do País, e criou um seção literária a que denominou “O Conto da Semana”. Semanalmente publicava um conto de sua lavra. Logo após isso, começou a colaborar com “A Notícia”, jornal recém-fundado. Mais tarde, transferiu-se para São Francisco do Sul, onde trabalhou na firma Carlos Hoepcke S.A. e, em 1925, casava-se com Dona Rita Moreira. Destacado por aquela firma para a Agência de Araquari, dirigida por seu cunhado, Antonio Ramos Alvin, foi por essa ocasião que ocorreu um fato jocoso em sua vida jornalística, que muito ruído e até certo escândalo produziu no meio da sociedade joinvilense. Estampava “A Notícia”, em destaque, na coluna social, um trecho da obra “Os miseráveis”, de Vitor Hugo, sob o título “O Amor”, que alguém, sob o pseudônimo de “Tenente Misterioso”, dava como de sua autoria e, sem cerimônia, dengosamente dedicava a sua amada, uma jovem joinvilense. A desfaçatez foi prontamente denunciada por César Augusto de Carvalho, em irônico artigo publicado no “Jornal de Joinville”, sendo que o próprio pai do “misterioso”, também militar, um Coronel, saiu em defesa do filho plagiário. Foi pura perda, porém, pois não havia como provar que os belos conceitos sobre o amor, do conhecido romancista francês, tão carinhosamente dedicados, não se constituiam em furto literário. Mesmo porque haviam sido copiados ipsis-verbis, e assinados pelo enamorado moço. A despeito da evidência do plágio, voltou o defensor do jovem com novos e ingratos subterfúgios, sempre rebatidos pelo denunciante, até que depôs a pena. E o pobre rapaz, sem perda de tempo, deixou a cidade, talvez arrependido e vexado de sua ação impensada. Na crença de que ridicularizaria César Augusto de Carvalho, o patrocinador, em suas arengas, chamava-o de “O crítico de Parati” (à época chamava-se de Parati a atual cidade de Araquari). Releva notar que a própria redação de “A Notícia” tomou partido a favor do plagiário, contra o denunciante.
Retornou César Augusto de Carvalho à Joinville, e também ao magistério, como professor de Português e Matemática da Escola Complementar, e, mais adiante, foi nomeado diretor do G.E. Joaquim Santiago, que se situava à Rua Inácio Bastos, onde hoje se acha instalada uma fábrica de móveis.
Ingressou, em 1928, como profissional, na imprensa, na qualidade de redator-chefe de “A Notícia”. Foi quando começou a usar o pseudônimo Bento Carqueja, em suas crônicas. Nesse mesmo ano, pediu-lhe o Barão Fernando Von Dreifuss para que organizasse e dirigisse o primeiro número de “Anuário Joinvilense”, de que foi diretor literário. Escrevia também para “A Tribuna”jornal igualmente fundado por Aurino Soares, que teve vida efêmera.
A partir de 1930, funcionou nos escritórios da União Mercantil Brasileira S.A. – Moinho Joinvile, atualmente S.A. Moinhos Rio-grandenses, na qualidade de correspondente de procurador e ali permaneceu até o ano de 1947. quando foi nomeado Secretário do extinto Instituto Nacional da Pinha, hoje Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, cargo em que se aposentou, em 1963.
Entretanto, em todos esses anos escreveu ativamente em “A Notícia”, de que, aliás, foi Diretor, durante alguns anos. Deixando a direção desse jornal, continuou, todavia, a emprestar-lhe sua colaboração, abordando seus temas favoritos, os problemas da cidade. A partir de fevereiro de 1969, transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, onde passou a residir.
Fonte da imagem: Acervo Pessoal de Andre Carvalho/Blumenau-SC