Discurso de apresentação do Acadêmico Álvaro Cauduro (Apolinário Ternes)

 

Discurso de apresentação do Acadêmico Álvaro Cauduro

Apolinário Ternes

 

Caríssimos colegas acadêmicos.

Ilustres homenageados.

Minhas senhoras e meus senhores

 

A emoção é a nossa própria natureza. Somos, acima de tudo, entidades que reagem a emoções. Esse é o princípio de tudo, o que explica como a vida, nos primórdios do tempo, administrou a escalada do sistema evolutivo. Sim, a evolução é o maior espetáculo do universo. Não podemos imaginar quando começou. Nem tampouco conceber quando e como terminará. Se terminar um dia.

Me permito começar assim, de forma retórica e filosófica, porque a emoção tem me dominado por inteiro nos últimos tempos. A emoção diante do silêncio do cosmo e da fúria da vida. É o que assistimos nestes tempos de mudanças tão dramáticas quanto fascinantes. Não há dia que não nos informem de conquistas da ciência e da tecnologia, como não há dia que não sejamos informados de grandes mudanças neste planeta azul, afogado em transformações climáticas e políticas. É o espetáculo da vida.

Estamos aqui, em sessão solene da Academia de Letras de Joinville para darmos posse a novos e ilustres companheiros. Um novo acadêmico, a preencher a cadeira 18, anteriormente ocupada pelo inesquecível amigo de quase meio século, Herculano Vicenzi. Dizer seu nome, faz-me girar a memória. Sejam muito bem-vindos Valmir Neitsch; acadêmico correspondente, Ernâni Buchmann, de Joinville em tempos passados, mas que cumpriu exitosa carreira no jornalismo e na publicidade em Curitiba. Seja bem-vindo, ilustre colega. Também para a outorga do título de Membro Honorário, como prevê nosso regimento, ao não menos ilustre presidente dessa Sociedade Harmonia-Lyra, o prezadíssimo amigo Dr. Álvaro Cauduro.

Iniciei minhas considerações lembrando que somos construídos pela emoção, raiz maior do surgimento da vida em tempos remotos. Talvez, no planeta terra, há 3,5 bilhões de anos. Me permitam duas palavras sobre as razões que justificam tais considerações. Tenho dedicado meus últimos anos, desde que me aposentei do jornalismo, a realizar uma das mais presentes aspirações desde sempre: dedicar horas e dias, meses e anos à leitura. E tenho lido sobre teologia, história, cosmologia, biologia, filosofia e sobre o infinito universo do conhecimento e das letras.

Poderia enumerar grandes livros que, de novo, volto a acumular em minha casa. Para surpresa final, contudo, recebi na última quinta-feira, por email, o último livro de nosso colega Dr. Ronald Fiuza. Sob título simples e descomplicado apenas na leitura inicial :“Questões complicadas. Caminhos para respostas”. Sóbrio, delicado, erudito, simples talvez, e infinitamente breve, de apenas 150 páginas. Fiuza, um grande intelectual dessa casa, passa em revista os conhecimentos acumulados ao longo da erupção da vida no planeta, até questões existenciais profundas, como, por exemplo, o sentido da vida. Um testemunho inigualável de síntese, de pesquisa e de conhecimento. Ronald Fiuza deveria estar aqui, falando em nome da Academia, em homenagem a nossos novos colegas. Teve que abdicar dessa fala por razões de saúde, e entendo que nossa melhor homenagem a amigo tão distinto quanto querido, é informar aos companheiros acadêmicos dessa pequena e portentosa obra que todos devemos ler tão logo seja publicada. Certamente ainda em 2024.

Álvaro Cauduro é de 1957, o ano em que a Rússia colocou no espaço a nave Sputinik, e marcou o início da era espacial, ainda em pleno curso. Agora não mais para o satélite da Terra, enfim, invadida em julho de 1969 pelos americanos. Nasceu em Porto Alegre, filho de pais que atuavam no serviço público. O pai como Procurador Federal e a mãe como Fiscal do INSS, Aos 17 anos, atuou numa serralheria, em negócio que não prosperou. Aos 21 anos ingressou na Habitasul e aos 23 anos de idade viria para Joinville na condição de gerente geral da financeira do grupo que se estabelecia na Rua do Príncipe. Esteve no cargo de 1978 a 1985, captando recursos de gente rica da cidade para fundos de investimentos. Foi na Rua do Príncipe, acho que no mesmo ano de 1978, que conheci o Álvaro, e somos, desde então, fraternos amigos. Assim como nossas esposas e nossos filhos, e lá se vão 50 anos.

Desde 1985, Álvaro Cauduro diversificou e enriqueceu o seu curriculum, ocupando múltiplos cargos e funções, além de se encaminhar para a área jurídica, sendo titular hoje de escritório próprio muito bem-sucedido, onde, igualmente, atua o seu filho, o advogado Guilherme. Atuou na área política, ocupando por três períodos a presidência doo PSDB. Em 2008, juntamente com o filho Bruno, criou a construtora Veja, com inúmeras edificações na cidade. Atuou no Conselho Municipal da Cidade, no Rotary Clube, no Joinville Iate Clube e ingressou na maçonaria na Loja Humanitas 34, em 2005.

De 2016 a 2018, exerceu as funções no conselho de administração da empresa Águas de Joinville; em 2017 recebeu a comenda do Mérito Lojista da Câmara de Dirigentes Lojistas da cidade. Em 2018, recebeu o título de Cidadão Honorário de Joinville, concedido pelo Legislativo local e em 2022, o certificado de “Amigo do Batalhão’, concedido pelo exército brasileiro.

De espírito comunitário e sensível aos assuntos da cultura e do patrimônio histórico, Álvaro Cauduro é presidente da Sociedade Harmonia Lyra desde 2014. Em nossa mais expressiva instituição cultural, cuja origem remonta ao ano de 1858, quando Joinville tinha apenas 7 anos de fundação, o amigo Álvaro deflagrou um dos maiores desafios de sua vida: a recuperação integral dessa edificação, cujo ano de inauguração está prestes a completar o primeiro século de existência, em 2030. Um desafio gigantesco, na medida em que sabemos todos que preservar o patrimônio histórico e artístico no Brasil é tarefa para gigantescos Quixotes. Sua luta é intensa, contínua e silenciosa, minerando recursos para impedir que a Lyra não conheça o triste destino de outras edificações na cidade.

Álvaro Cauduro recebe hoje o título de Membro Honorário, de nossa Academia de Letras, como justo reconhecimento pelos serviços prestados à nossa casa de letras, fundada no ano de 1969 por iniciativa do historiador Adolfo Bernardo Schneider. Todos aqui, prezadíssimo confrade, sentem-se orgulhosos de receber tão insigne e ilustre advogado das causas de Joinville.

É, de novo, um jeito de Joinville dizer obrigado a você e a toda a sua família.

Seja bem-vindo nesta Academia Joinvilense de Letras, nossa ‘Domus Amica, Domus Optima’.

Cumprimentos efusivos aos dois novos acadêmicos, o jornalista Ernâni Buchman e o professor Valmir Neitsch.

Obrigado a todos.

Álvaro Cauduro de Oliveira - Membro Honorário Academia Joinvilense de Letras

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