Discurso de posse dos novos acadêmicos Valmir Neitsch, Ernani Buchmann e Álvaro Cauduro (Maria Cristina Dias)
Discurso de posse dos novos acadêmicos Valmir Neitsch, Ernani Buchmann e Álvaro Cauduro
Maria Cristina Dias
Prezados componentes da mesa, confrades da Academia Joinvilense de Letras, escritores representantes das entidades literárias de Joinville e da região, músicos que vieram abrilhantar esse momento, amigos presentes aqui na Sociedade Harmonia-Lyra, amigos que nos acompanham à distância, por meio da transmissão ao vivo dessa cerimônia nas redes sociais,
Boa noite a todos! Estamos muito felizes de tê-los aqui, conosco.
Uma solenidade como esta, para receber novos acadêmicos, com casa cheia, repleta de amigos, é sempre algo bom de ver e viver. Ver os acadêmicos aqui reunidos mostra a união que estamos conquistando ano após ano – e que é a força da nossa AJL.
Antes de começar a discorrer sobre os nossos três novos membros, peço licença para falar diretamente com uma pessoa especial, que queria muito estar aqui hoje, mas que, por motivos de saúde, teve que se ausentar. Mas que eu tenho certeza de que está do outro lado da telinha acompanhando cada minuto, cada discurso, cada abraço, e vibrando com a felicidade deste momento.
Ronald Fiuza, meu mentor, meu grande amigo, a pessoa que me bombardeia com mil ideias incríveis, me incentiva e não me deixa desistir, você é um alicerce desta academia e sempre estará presente.
Que você supere este momento, se recupere e volte logo para nós, que te amamos. Sinta-se abraçado por mim e por todos os confrades.
Peço uma salva de palmas ao nosso confrade Fiuza, para ele ouvir de lá, da casa dele.
É com especial carinho que recebemos hoje, em nossa casa de amigos três novos acadêmicos:
– Valmir Neitsch, o Capim, como o poeta é mais conhecido, como acadêmico efetivo;
– Ernani Lopes Buchmann, acadêmico correspondente, que há muito tempo mora em Curitiba, como já vimos, mas que é joinvilense e tem vínculos fortes com a nossa cidade;
– E Álvaro Cauduro, acadêmico honorário, benfeitor da nossa AJL, um gaúcho que escolheu Joinville para viver e deixar a sua marca.
Desde a retomada da AJL, há mais de 10 anos, temos empreendido um esforço para recompor seus quadros. Primeiro nos concentramos nos acadêmicos efetivos, escritores de vários gêneros que consolidaram uma obra ao longo do tempo e se destacaram em suas áreas de atuação. Aos poucos, estamos preenchendo também os quadros de acadêmicos correspondentes e honorários.
São pessoas agregadoras, que com seu talento e participação na vida cultural contribuem para cultivar a nossa língua vernácula, levar o gosto pela leitura e pela escrita a mais e mais pessoas, e preservar a obra e a memória dos escritores que vieram antes de nós.
Valmir Neitsch, o nosso novo acadêmico efetivo, vem preencher a cadeira do saudoso Herculano Vicenzi, jornalista e homem do mato, que prezava a vida simples do campo e revelou como ninguém a área rural de nossa região . Será por acaso que seu sucessor atende pelo apelido carinhoso de “Capim”? Talvez.
Guimarães Rosa, em sua posse na Academia Brasileira de Letras, em 1967, cunhou uma frase que ficou famosa e da qual lanço mão para lembrar do meu amigo que se foi e falar desse amigo que está chegando: “O mundo é mágico: as pessoas não morrem, ficam encantadas…”
Herculano ficou encantado, sua passagem por aqui foi perpetuada, e sua cadeira agora passa a ser ocupada por um poeta que atende pelo nome de Capim. Isso não pode ser só coincidência.
Capim é poeta de versos claros e profundos, que falam de memória, de vivências, de amores e amizades. Falam de humanidade.
“A arte é o meio mais poderoso de colocar a humanidade em contato com a sua própria alma”, define o poeta, com sua voz calma, mansa, enquanto semeia versos por aí.
E não dá para falar de Capim sem falar de Lúcia, sua companheira há muitas, muitas décadas, o braço que o ampara, o sorriso que nos encanta. Lúcia me falou outro dia que onde o Valmir vai, vai ela, as filhas, genros, os amigos…
Que venham todos! Sejam bem-vindos!
Conheço Ernani Buchmann há pouco tempo. O encontrei pela primeira vez nos 50 anos da AJL, quando ele era presidente da Academia Paranaense de Letras e veio prestigiar a nossa celebração.
O nome me chamou a atenção. Ernani Lopes Buchmann, o nome de um dos presidentes dessa nossa casa, a Harmonia-Lyra, seu avô. Sobrinho de uma pessoa por quem eu tinha imensa admiração, Odete Lopes Guimarães, cronista bem-humorada e irreverente que muito publicou no jornal A Notícia, e que por várias vezes me recebeu em sua casa para contar histórias de uma Joinville de antigamente.
Ora, ora, o mundo é pequeno e, de alguma forma, as histórias se encontram.
Ernani Buchmann vem para enriquecer o nosso quadro de sócios-correspondentes, os escritores de outras cidades, que levam a AJL para além de seus limites e nos aproximam de outras academias, de outros lugares, que contribuem para estreitar laços e ampliar horizontes.
E ninguém melhor que ele para isso. Como já vimos tem raízes em Joinville, sede da nossa AJL. Passou a infância aqui e escreve de forma deliciosa as suas memórias de menino. Mas ganhou outras paragens. Foi para Curitiba, onde se estabeleceu e mantém laços com academias estaduais por esse Brasil afora. Sabe bem que nossas realidades e desafios são parecidos e que podemos aprender muito – e crescer – conhecendo uns aos outros.
Vem nos trazer reflexões e ampliar laços – e traz a Tânia, que com certeza, será mais uma amiga em nossa casa.
Seja muito bem-vindo!
E o que falar de Álvaro Cauduro? Muitos podem se perguntar porque um não escritor está vindo para a AJL. Bem, diversas são as respostas. Ao longo de sua existência, a AJL criou um espaço para valorizar e agradecer aquelas pessoas que nos ajudaram – e ajudam, de diversas formas.
Ninguém sobrevive sozinho, muito menos uma instituição de mais de 50 anos, organizada por escritores voluntários, que estão testando, fazendo e aprendendo ao longo do caminho. Nossos membros honorários são aquelas pessoas que nos dão a mão nessa trajetória. E são poucos, acreditem!
Hoje temos o Paulo Roberto da Silva, advogado visionário e sonhador, que felizmente não desistiu quando há mais de 10 anos essa presidente o chamou de louco quando ele compartilhou a ideia de trazer de volta à vida, a Academia Joinvilense de Letras. Sim, eu não acreditei que fosse possível. Ele, sim. E hoje estamos aqui.
Uma vez que a AJL foi retomada, tudo o mais precisava ser feito. Tudo. Não tínhamos sequer um lugar para nos reunirmos.
Foi a partir daí que a figura de Álvaro Cauduro se tornou fundamental para a AJL. Ele, como presidente, abriu as portas da Sociedade Harmonia-Lyra, estas portas centenárias por onde vocês entraram – e nos acolheu. Foi sob este teto histórico que conseguimos nos reestruturar e voltar a ter uma ação efetiva na nossa comunidade.
Esta se tornou a nossa casa e temos muito orgulho disso. Aqui recebemos os amigos nas solenidades festivas, choramos e rimos juntos nas Sessões da Saudade, chamamos a comunidade nos concursos literários, guardamos nossos livros, nossos tesouros – e, claro, tomamos café, como não poderíamos deixar de fazer em nossa casa.
Este foi só o início. Álvaro é um grande benfeitor e amigo da AJL, e nós reconhecemos e agradecemos muito por isso, trazendo ele mais para perto, para dentro da academia. Ele nos traz a Scheila, querida, sempre presente a seu lado.
Seja muito bem-vindo!
Quem vem para uma academia de letras é chamado de “imortal”. Mas o que é ser imortal? Não é viver para sempre, com certeza.
Não sou uma pessoa especialmente religiosa, mas a dona Else me lembrou outro dia de um versículo do Eclesiastes, muito conhecido, que diz:
(…) há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu:
Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou” (…)
Ser eleito para a academia é, sem dúvidas, o momento de colher o reconhecimento pelo trabalho plantado na área cultural, na literatura em suas muitas vertentes.
A imortalidade vem depois que formos, quando a academia ficará responsável por manter viva a nossa obra, por não deixá-la cair no esquecimento. Enquanto formos lembrados, seremos imortais.
Mas isso só acontece, claro, com a imortalidade da própria AJL. Cada acadêmico que chega e é empossado firma um compromisso com a existência da academia – e ajuda a relembrar o compromisso dos demais confrades. É a nossa presença, a nossa atuação, que mantém a AJL viva – e a AJL nos faz sobreviver ao tempo. Por isso é tão bom ver tantos acadêmicos reunidos aqui para receber os novos confrades.
“Domus Amica Domus Optima” é o nosso lema. Esta casa de amigos preza pela harmonia e pela amizade. E eu convido a todos a conhecê-la melhor e interagir com ela, visitando o nosso site, nos seguindo nas redes sociais, participando de atividades externas como essa solenidade ou o Concurso Literário, ou entrando em contato conosco sempre que quiserem.
Estamos aqui e cada um de vocês sempre será bem recebido.
Sejam bem-vindos Valmir, Ernani e Álvaro.
Sejam bem-vindos, amigos!
Boa noite e muito obrigada a todos pela presença!
Valmir Neitsch Ernani Buchmann Álvaro Cauduro