Dom Quixote e Dom Casmurro

Desde há muito leio esta obra-prima. Dei, até, uma alegria à minha saudosa Mãe. Monsenhor Frederico era o pároco de Florianópolis. E me viu, numa tarde, lendo um livrinho parecido com missal. Contou à minha Mãe, que “Filha do Sagrado Coração de Jesus” na catedral metropolitana, acreditou ter-me voltado à sua religião. Ao me perguntar que livro lia, no tal dia, respondi-lhe ser o do Cervantes: Dom Quixote. Em papel bíblia da Aguillar. Já o presenteei ao primo Ezequiel, em visita à Patagônia, onde residia e trabalhava. É daquelas obras eternas, porque retrata a consciência (Fiuza, Ronald), imutável do Ser Humano. E o dia a dia conforme cada aventura do Fidalgo Manchego. Só a Bíblia oferece comparação a Ele em todos os provérbios citados. E a aventura contra os moinhos de vento é uma alusão aos grandes da Terra, comparáveis a gigantes, que, no fundo, são meros moedores de grãos. E são facilmente derrotados. Como na Operação Lava jato… No episódio dos galés, condenados que iam remar para cumprir pena, explicam ao Fidalgo, metaforicamente, porque foram condenados. Uma verdadeira injustiça…. Eram todos inocentes e mal compreendidos. Que nem Temer para receber o habea$ corpu$ monocrático. Machado de Assis escreveu mais de uma vez sobre o imenso valor da Obra: “Vês este livro? É D. Quixote. Se eu destruir meu exemplar, não elimino a obra que continua eterna nos exemplares subsistentes e nas edições posteriores. Eterna e bela, belamente eterna, como este mundo divino e supradivino (Brás Cubas, lição de Humanitas). O Bruxo de Cosme Velho lia em Francês e Inglês: Voltaire; Montaigne, Sterne, Fielding, motivo por qual se imortalizou, não obstante afrodescendente, epiléptico, pobre, aprendeu a ler em vários idiomas, sempre escolhendo a melhor mídia. E os melhores redatores. Podendo afirmar em trocadilho ou callembour: conheço os tipos porque fui tipógrafo. Dois trocadilhistas universais: Cervantes e Machado de Assis.

Carlos Adauto Vieira

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