Encontros e desencontros

De um modo geral, a vida se resume a uma sequência finita de encontros (poucos) e desencontros (muitos).

Se a respeito dos primeiros nada há a declarar, uma vez que seguiram o rumo que deles se esperava em determinada circunstância, algumas palavras é preciso dizer sobre os segundos.

Em comum, os desencontros têm o fato de contrariar nossas vontades. Às vezes porque estão além das possibilidades ao alcance de um simples mortal, como é o caso de partidas onde se queria chegadas, ou discórdias, onde se buscava consensos.

Outras, porque escapam de nosso controle de forma involuntária. Como, por exemplo, pela incapacidade em lidar com a língua, aquele instrumento que se não dominamos nos domina, se distraímos a atenção, em vez de unir, nos separa.

De nada adianta preparar a exposição de uma proposta que se planeja convergente se não houver zelo com o elemento que a introduz.

Dizer que uma ideia vem de encontro a outra é provocar um grave acidente de percurso. Significa que elas não estão na mesma frequência; pelo contrário, correm em direções opostas  e se encontram em perigosa rota de colisão, exigindo rápidas providências.

Se a intenção foi apresentar uma proposta que comungasse de um mínimo denominador comum, como apreciam amantes das ciências exatas, seria preciso explicar que isto vinha ao encontro daquilo.

E o que dizer dos contatos que se encerram com a indicação de telefone ou e-mail “para maiores informações”? Desde quando  dados sobre alguma coisa têm a estatura de ser maiores ou menores?  Ou qualificação de se apresentar como melhores ou piores? Informações podem, no máximo, ser adicionais, ou complementares.

Outra fonte de divergência são encontros bianuais. O sujeito promete esta periodicidade (similar a semestral) e aparece ano sim, ano não (bienal, como tinha intenção de dizer).

Realmente a vida é feita de muitos desencontros; alguns deles, perfeitamente evitáveis.

COMPARTILHE: