Futebol na floresta

O macaco Jaroslau foi criado na cidade desde bem pequeno. Levado por um caçador que o roubou de sua mãe, conseguiu fugir, indo parar na casa de uma família que vivia para o esporte. Bem tratado, resolveu ficar para aprender sobre a vida dos homens.

O filho mais novo da família, menino ainda, jogava futebol num time infantil da cidade.  Com ele o macaco passava horas brincando e aprendeu a jogar futebol.

Certa vez a família foi fazer um piquenique num parque que ficava ao lado de uma floresta e o macaco, curioso como ele só, aventurou-se sozinho por uma trilha indo parar no meio da floresta onde encontrou outros macacos que o convenceram a ficar ali.

Jaroslau achou interessante ficar junto aos seus iguais, mas antes voltou correndo até o parque para se despedir da família que o havia acolhido com tanto carinho. A despedida foi dura, mas eles aceitaram a decisão que o macaco tomou.

Jaroslau era muito comunicativo e não demorou a fazer amizade com a bicharada. Liderou, então um movimento em favor da prática do esporte entre os bichos, principalmente o futebol do qual ele entendia bastante.

 

Tanto fez, que um dia o leão, que é o rei dos animais, assinou um decreto para que os bichos da floresta formassem seus times de futebol, pois ele queria promover um campeonato. Foi um reboliço, mas em pouco tempo apareceu o resultado. Bichos grandes e pequenos logo se estruturaram. Jaroslau, que era presidente do time dos macacos, propôs que houvesse um desfile para a apresentação das equipes.

– É claro, falou o papagaio Galvãozinho. Onde se viu um campeonato sem desfile de abertura? Imediatamente colocou-se como locutor oficial. Os bichos foram unânimes em aceitá-lo pois falar bem e bonito como Galvãozinho ninguém mais naquela floresta sabia!

No dia do desfile, o sol espalhou bem cedo seus raios no grande estádio que o leão mandara construir. Era um espaço grande com largas arquibancadas e árvores para abrigar torcedores de espécies que não jogavam, como pássaros, insetos e os bichinhos miúdos.

Nas arquibancadas as bandeiras eram agitadas ao som de alegres fanfarras. Era bonito ver o esmero dos participantes tanto nos uniformes coloridos como no modo de desfilar. O rei assistia a tudo, satisfeito por ter tido tão bela ideia. Após o desfile ele fez um pequeno discurso e declarou abertos os jogos que duraram três dias.

Galvãozinho lá estava de microfone em punho irradiando os jogos e comentando sobre a alegria das torcidas que vibravam pelos jogadores. Tudo no maior respeito.

Um time que se destacou foi o dos burros. O goleiro, um burro bonito e forte com calção preto e blusa branca, chamava a atenção pela elegância.  Ao ser entrevistado falou com toda a modéstia:

– Ora, ora, eu sou um burro, mas sou inteligente! Pratico esportes desde pequeno!

E sabem de uma coisa? O time dele foi campeão e ele ganhou a medalha especial de melhor goleiro do campeonato.

– Ai, ai, ai, disse uma girafa esticando ainda mais o seu comprido pescoço. Este mundo está mesmo virado! Imaginem, um burro ganhando medalha!

Leãozinho, o príncipe da floresta, falou para dona Girafa:

– A senhora está precisando conhecer a diferença entre burros e burros!

– Isto mesmo, falou o macaco Jaroslau, e a senhora, dona Girafa, precisa procurar um esporte que seja do seu gosto e praticá-lo! Que tal no próximo campeonato um time feminino de girafas? As girafinhas que estavam ao redor aplaudiram com entusiasmo!

COMPARTILHE: