Lembranças de 1965 (Valmir Neitsch)

 

Lembranças de 1965

Valmir Neitsch

 

Carretel, símbolo de um tempo.

Pequeno cilindro de madeira,

representação, então,

de uma grande engrenagem

chamada indústria da minha cidade.

Linhas correntes numa miniatura

expressiva de um fabuloso poder.

Debruçavam-se marmitas,

conspiravam-se futuros.

E a paisagem neblina, serragem.

Num trabalho quase artesão,

mas já era da época,

“Homens e Máquinas”. Artistas!

E as nossas infâncias faziam “carrinhos”

Puxados  à linha, carretéis, as rodinhas!

Carretel e linha empinavam pandorgas.

As nossas infâncias esperavam as carroças de

lenha, refugo para os fornos e fogões.

labaredas apagavam a escuridão.

Gebaldo, Maneco, Lúcio, Ferreirinha,

dos carretéis às linhas.

Dos vai e vem das bicicletas,

do Bucarein ao Itaum!

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