Nielson Modro (Marinaldo)
Texto Presente para Nielson Modro
Marinaldo de Silva e Silva
“Em minha casa a estante de livros sempre foi o principal móvel da casa, tratado quase como um altar onde haveria histórias e mais histórias a serem descobertas”.
O próprio.
O ALTAR
A palavra está no altar. A palavra, está, é verbo, e presente.
O altar está no orgulho, não aquele que olha de cima, mas o que anteviu sua própria altura.
A palavra veio do menino. A palavra era ação, verbumm reverberação desde a primeira escrita.
O menino, onde não foi parar, se permanece?
Eu te vi escrevendo, a 8 mãos, o primeiro texto, e confesso, fui eu que o roubei, em pensamento, enquanto lia. Só quem leu ou ouvia teu discurso de posse pode entender o porquê da minha autocondenação. Eu me vi roupando, eu me vi entrando sem permissão em sua casa, eu me vi assistindo filmes do teu cinema, eu me vi, há trocentos anos atrás, lendo as tiras do teu cão tarado, e às vezes, me achando parecido com ele…
O altar está na sala, a sala é uma cela para a salvaguarda das grandes notícias, tuas, que vieram pela literatura.
A lisura da palavra está na reconstrução da realidade, quando lida a ficção, tudo se torna verdade, e o pensamento, nos transforma em auto-realismo-fantástico. Pura ficção? Que nada. Pura realidade.
Eu te vi dando aulas, recitando, falando de Gogol, de Cristo, de Quintana.
Carregava um altar, era teu berço.
Carregava um altar, era teu laço.
Carregava um altar, tua trajetória.
E de cima do autor reinava a tua santa protetora:
a sua DeusaPalavra.
O teu pai deve ter te elevado às alturas.
Pais adoram nos pegar no colo e nos jogar pra cima.
Eles adoram nos ver sorrir na vertigem.
Vertiginosa, creio que tua origem tem te feito
um altar da mesma forma,
uma arma de amar, sinto dizer:
que deve te trazer o orgulho de ser o que quiser
dentro da palavra:
eis a tua norma para conjugar, Crescer.
Nielson Modro