Noites de S. Petersburgo (Adauto)
NOITES DE S. PETESRBURGO
Foi agitadíssimo o período dos Romanoff, gestão de Nicolau II. Para isto muito contribuiu a influência na Corte do famigerado Rasputin, monge, que dominava o Tzar e a Tzarina, quer por seus poderes taumaturgos, quer por sua personalidade magnética, quer pela sua completa inescrupulosidade. Ademais, o Monge Rasputin, fazia cessarem as hemorragias de um dos filhos dos tzares, hemofílico. Através as atividades e poderes do Monge maldito, os adversários dos Romanoff, tentavam alcançar estes e tomar o riquíssimo trono russo. Especialmente pelos minérios siberianos, notadamente, o ouro. Ainda não se descobrira o petróleo e o seu valor nacional e internacional. Os atentados sem conta para eliminar o Monge Maldito eram quase diários. Inteligentíssimo, o experto, com a sua aureola mística, escapava sempre. Seus maiores inimigos estavam na própria Corte E Ele o sabia. Astutamente, evitava deixar-se pegar, apanhar desprevenido. Várias vezes, entretanto, foi vítima de atentados. Jogaram-no amarrado com correntes ao Rio Volga gelado. Mas alardeava ressurgir íntegro e espalhou a fama de imortal. Mais tarde, historiadores e pesquisadores da história da Rússia Tzarista descobriram que muitos atentados ele mesmo preparava para afirmar a sua imortalidade e afastar os perigos ou inutilizar a ação dos inimigos. Sabia, entretanto, que a sua hora estava próxima; que, ao menor descuido, seria apanhado. Dormia com um olho sempre aberto e os ouvidos alertas. Mas saboreava esta proximidade de perigo constante. E a alardeava nos festins do palácio real, onde o vodka era a mais leve das bebidas orgíacas. Nelas, transava com tantas mulheres, solteiras ou casadas, que pudesse conquistar. Foi enorme o número de filhos que deixou na Corte, aliás, não reconhecidos, embora os zumzuns sobre fidalgas, escondendo sob os vestidos ricos, o volume ventral. O olhar do Monge paralisava. Ninguém suportava! Acentuava: sua personalidade era favor divino, tornava-o indestrutível. Já sentindo o vulcão sob os pés, aceso e alimentado pela oratória inteligente e culta de Lenine e Trotsky, os nobres e fidalgos realizavam os derradeiros banquetes, transformados em verdadeiras, orgias durante as quais tentavam a roleta russa com as primeiras pistolas automáticas, fabricadas nos Estados Unidos e utilizadas pela vaqueiros e assaltantes de trens. Numa desta noites, preparou-se um lauto banquete, cujo convidado mór era Rasputin. Após os vinte brindes com vodka, tradicional, já todos meio bêbados, à sobremesa, um das mais belas damas presentes e paixão do monge, se aproximou e lhe ofereceu sonhos apetitosos, cobertos por maravilhoso açúcar. Ela explicou: açúcar italiano, senhor. Muito usado pelos Bórgias. Cheio d’apetite sexual pela ofertante, excitado, pelo álcool, não só os provou; comeu vários, elogiando o inefável sabor. E perguntou à gentil dama: Que nome dão a este fino açúcar, senhora? Arsênico, Senhor Monge, arsênico…é afrodisíaco, também……
Carlos Adauto Vieira ( Charles d’ Olengér)
Cadeira 30 da AJL; 04 da AFASFS; 14 da ACML