PERCY ERNST SCHRAMM
PERCY ERNST SCHRAMM (*1894, Hamburgo, Alemanha +1970, Göttingen, Alemanha)
Percy Ernst Schramm nasceu em 14 de outubro de 1894 em Hamburgo , e faleceu em 12 de novembro de 1970 em Göttingen, Alemanha. Pertencia a uma família rica e cosmopolita em Hamburgo, da classe das famílias hanseáticas. Sua mãe, Olga O’Swald e seu pai foi Max Schramm, advogado, senador e segundo prefeito (vice-prefeito) de 1925 a 1928. Seu avô Ernst Schramm (1812-1882) era um grande comerciante de açúcar entre Hamburgo e Brasil.
Shramm estudou nas universidades de elite da Alemanha –, Hamburgo, Munique e Heidelberg. Em 1922 completou seu doutorado na Universidade de Heidelberg, sob orientação do historiador medieval Karl Hampe.
A proeminência de Percy Ernst Schramm, se refere à sua condição de historiador alemão, que explorou principalmente a história da Alta Idade Média e a história cultural e familiar hanseática dos tempos modernos.
Schramm lecionou de 1929 a 1970 como professor catedrático de história moderna e medieval e das ciências auxiliares na Universidade de Göttingen, com interrupção pelo serviço militar, na Segunda Guerra Mundial. O trabalho de Schramm é essencialmente caracterizado por seu contato com Aby Warburg , o mentor da ciência cultural moderna, e o historiador de arte e cultura Fritz Saxl . A atitude não crítica de Schramm em relação ao nacional-socialismo porém abalou a amizade com Saxl, e também impediu o intercâmbio com Warburg à biblioteca cultural- científica, dirigida por cientistas judeus e realocada para Londres.
Schramm é um dos historiadores medievais alemães de maior renome internacional do século XX. Ele adquiriu mérito neste campo ao introduzir cada vez mais questões de estudos culturais e formas interdisciplinares de trabalho, lutando pela cooperação internacional e avaliando as imagens dos governantes como fontes históricas. Assim, o trabalho de Schramm é pioneiro na pesquisa medieval. Seu interesse principal era no estudo dos símbolos medievais do poder, em especial do império otoniano e a iconografia política.
No início dos anos 1960, ele publicou o diário de guerra do Alto Comando da Wehrmacht . Por meio dessa edição e de suas palestras, ele adquiriu no período do pós-guerra a reputação de um dos principais especialistas na história da Segunda Guerra Mundial. Seu trabalho é considerado uma contribuição fundamental para os campos da história da arte e da teoria política.
Schramm também é conhecido por seus trabalhos sobre a história da cidade-estado de Hamburgo, incluindo sua obra monumental Nine Generations (Nove Gerações), que se concentra em sua própria família, e, mais amplamente, na liderança das famílias hanseáticas de Hamburgo ao longo de três séculos.
Em 1929 publicou “Estudos e Textos sobre a História das Ideologias Romanas da Renovação do Fim do Império Carolíngio à Controvérsia da Investidura. Foi sua tese de doutorado, considerada obra-prima de erudição interdisciplinar altamente original, que transformou a forma como os historiadores medievais abordavam o tema da ideologia política. Ele demonstrou que a história da arte, uma área de estudo que na época era voltada principalmente para estudiosos diletantes e cavalheiros, merecia um lugar de séria investigação acadêmica ao lado da história e da filologia. ”O trabalho de Schramm também enfatizava a centralidade dos símbolos e rituais na articulação e definição política”.
Ainda em 1929, Schramm foi premiado com uma cadeira de história na Universidade de Göttingen , uma das universidades mais prestigiadas da Alemanha. Falando fluentemente inglês, recebeu convite para ensinar na Universidade de Princeton durante o ano acadêmico de 1933, retornado no mesmo ano a Göttingen.
Entre 1954 e 1956, ele produziu o que talvez tenha sido seu segundo trabalho mais significativo –, entre tantas obras de valor histórico incontestável – depois do Kaiser Rom und Renovatio, intitulado Herrschaftszeichen und Staatssymbolik – Sinais de autoridade e o simbolismo do Estado – foi uma pesquisa importante sobre a arte representativa dos governantes medievais ou símbolos de seu poder, incluindo seus regalias…, selos, cunhagem, armamentos, roupas e outros objetos. Esses objetos e sua história foram catalogados com mais detalhes em um livro escrito por Schramm em conjunto com o eminente historiador de arte Florentine Mütherich, “Monumentos dos Reis e Imperadores Alemães”, (1962).
O duradouro legado do trabalho de Schramm nesses e em numerosos outros estudos e artigos demonstra a importância dos símbolos, da cerimônia litúrgica, dos gestos e das imagens como fontes críticas para a história política. Juntamente com seus contemporâneos, Ernst H. Kantorowicz e Carl Erdmann , Schramm introduziu um importante elemento da história cultural em um campo que (especialmente na Alemanha) tendia a se concentrar principalmente em instituições e seus textos.
Em 1958, Schramm foi incluído na Ordem Pour le Mérite , um prêmio que reconhece suas contribuições para as artes e ciências na Alemanha. Em 1964, um Festschrift – artigo comemorativo – dedicado a Schramm foi publicado.
Pesquisa e Redação: Nelci Seibel
Fonte da imagem: http://www.helios-verlag.com/uploads/tx_userhelios/Schramm_Percy.jpg