Pitayas do Lischka (Onévio Zabot)

 

PITAYAS DO LISCHKA

 

Sejam bem-vindos à Piscicultura Girassol, estampa a placa na  entrada do sítio. Caminho Curto, Joinville. Surpresas à vista, percebe-se, claramente. No Instagram mais detalhes:

“Fornecemos alevinos juvenis e adultos de diversas espécies com qualidade assegurada: Tilápia Gift, Carpa Capim, Carpa Cabeçuda, Carpa Húngara, Carpa Colorida, Pacu, Tambacu, Jundiá e Catfish”.

Eis um ambiente notável. Gratas recordações. Piscicultura na veia. Viveiros, 103; hectares de lâmina d’água, 18;  alevinos/safra/ano, 10 milhões; produção: 60 toneladas de peixes/ano. Números estupendos para Joinville, cidade dos príncipes. E por que não dos peixes? Acrescente-se os anos de produção, mais de 30 jornadas. Certamente, números expressivos. Robustos. Herança prodigiosa.

Antes, porém, a chegada. De bate pronto, inconfundível,  o laboratório da granja. Saudades! Bate no peito uma saudade. Para os novos não, mas para mim, gratas recordações.

Doutor Luiz Carlos Perin, médico veterinário de saudosa memória, parece nos receber. Efusivo como sempre. Agora, não é mais ele, mas sim João e Cris, um simpático casal paulista. Arrendaram a granja, informam.

Perguntamos por Egon Lischka.  Adiante informam. Lá no elevado. No pomar. Seguimos. Caminho cercado de lagos. Muitos lagos, Melhor, viveiros.

Juntamente com a Engenheira Agrônoma Dione Benevenutti, somos  recebidos por Egon Lischka e dona Asta. Simpáticos, nos aguardavam na borda das pitayas, novo xodó do casal.  Sim, um lance de pitayas abeiradas.

Outros tempos. Novo cenário. E que capricho! bordejam pitayas enfileiradas. Egon não nega suas raízes campesinas, embora empresário bem sucedido, metalúrgico de nomeada. Tarde verdolenga, fim de inverno. Muita fumaça no ar. Sim, uma certa estiagem.

Embrenhamo-nos nas pitayas. Plantas elevadas. Armações. E Dione não vacila, tesoura de poda à mão, com segurança enseja.

— É assim — e vai decepando cladódios.

Cladódios, informa, são brotações segmentadas das pitayas. Por perto, tenho lá minhas praticidades. Brotos ladrões, diria. Roubam forças. Removê-los, urge.

Egon, criativo que é, apresenta um sistema de irrigação. Mangueira ao alto derramando gotículas d’água nos berços.

E roda a prosa. Além de pitayas, um belo pomar de espécies frutíferas: jacás, pitangueiras, bacupari, jerivás, lichias. E à frente da singela residência, um portentoso flamboyant. Dona Asta não se contém. Eufórica exclama:

— É minha árvore favorita.   Que floradas prodigiosas e que sombra amiga na virada do ano!

Enfatizamos:

— Tens a ilha de Madagascar na sua porta, dona Asta. Africano, o flamboyant enseja sub tropicalidades.

Após um fausto café, só nos resta dizer. Que casal abençoado. Octogenários, porém, jovens. Jovens em espírito, jovens em aprendizado. Eternos aprendizes da esperança.

Quem busca aprender, eterna será sua juventude, percebe-se claramente. Dona Asta e Egon Lischka, bom demais estar com vocês. Que tarde maravilhosa. Alvíssaras!

 

Joinville, 12 de setembro, 2024

Onévio Zabot

Engenheiro Agrônomo

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