Ponte Charlot (Adauto)

Ressalvada MARCIA, meu Shantiniketan, gostaria de chamar cada um dos presentes pelo nome e pelo título, mas os envolvo todos numa só, sincera, insubstituível e expressiva palavra: AMIGOS!

Jamais pensei que uma tão singela, quanto significativa homenagem moral e material pudesse desenvolver tanto notas, notícias, comentários, críticas, apelidos, intrigas e questionamentos.

Fui questionado, por exemplo, porque teria aceitado homenagem tão singela. Por que não uma cidadania honorária ou benemérita? Por que uma ponte? Quase passarela, quase pinguela…..Comparando sem conhecer o significado de cada pelas utilidades e pelos dicionários…

E como se o tamanho simbólico pudesse ter dimensão material.

As presenças desta noite e a já utilização da Ponte pela comunidade dão irretorquível resposta à minha sugestão original de sua execução: aplauso majoritário! Ademais, de acordo com a Moção que a criou, passou a ser um alerta contra qualquer espécie de ditadura, de inquisição, pois estas nunca morrem, apenas adormecem até um momento oportuno de acordar e tomar o poder.

Fosse uma cidadania coronária…. em razão de que, aproveito, aqui e agora,  para mais uma idéia. Em Joinville, a exemplo de Florianópolis, com o Troféu Manezinho e Curitiba com o da Boca Maldita, se criar a Cidadania Coronária Joinvillense- puro amor pelo coração-, merecida por quem ame o nosso município desinteressadamente, sem intenções de proveito pessoal, nem subalterno, com outorga dos Troféus Frida e Fritz.

Aceitei a homenagem pela ponte, porque ela tem um significado muito grande para mim, sendo um equipamento, público ou particular, que aproxima que une que encolhe distâncias e tempo, que ata, mas não prende e tem as mesmas vantagens de um habeas corpus, pois é um instrumento  assecuratório  ao sagrado direito de ir e vir.

Esta a razão da minha sugestão original, quando Ricardo Roesler- Diretor do Fórum, Marcio Dix da 9ª. Subseção e eu, Presidente da mesma, plantávamos árvores para sombrear o entorno do fórum a ser inaugurado.

-A obra está incompleta!

Por quê?

Porque falta uma ligação entre as duas margens do Cachoeira, capaz de atar  a economia, a política e a justiça joinvilenses, suprimindo distâncias.

Com a sobra de verbas na Câmara de Vereadores, Tânia, Carlito e Odir não perderam mais tempo. Aí a temos! Atendendo aos mais elevados propósitos comunitários.

Aceitei, igualmente, porque ela teria um codinome meu, lembrança  dos companheiros Tânia  e Carlito, usado por mim na luta contra os tempos negros da ditadura, que me proibiu de escrever com o meu nome próprio; de advogar com o meu próprio diploma, de desenvolver a cultura humanística com a minha própria curiosidade intelectual militante, de me reunir sem vigilância, de circular  sem a constante observação dos rafeiros tão bem definidos por Caldas Aulete.

Para mim foram tormentosos tempos, que atingiram familiares, amigos, colegas, com os quais, solidariamente, vi a aurora da democracia retornar para aspirados tempos de luz,

Muitos dos quais não podem estar, aqui, hoje, compartilhando desta singela e profundamente significativa recompensa tão penosamente reconquistada.

Entre eles, obrigo-me a invocar duas figuras marcantes e sem cujo apoio  jamais teria vencido a procela: STELINHA VIRMOND VIEIRA, minha mulher, mãe dos meus filhos, companheira, amiga e colega de profissão e ABELARDO LOPES DA SILVA, o Fiel Escudeiro, cujas amizade, lealdade e fidelidade jamais mereceram  dúvidas em qualquer momento do nosso inigualável e inestimável convívio.

Daí a inesgotável saudade de ambos com quem adoraria repartir a emoção ímpar destes instantes de reconhecimento, que valem uma vida sempre disposta, como diz a Placa, à dedicação aos ideais democráticos republicanos e á cultura humanística progressista, numa militância ininterrupta, que festeja 79 anos nesta noite, agraciada com tão superior regalo.

Com Dr. Ruy Parucker, presente, a divido, único sobrevivente dos colegas que, aqui em Joinville, nos prestaram, à minha família e a mim profissionalmente, desinteressada solidariedade nos momentos mais angustiantes do enfrentamento à ditadura.

Embora, há tempos, advertido pelo maior sermonista da Língua Portuguesa, o Padre Antônio Vieira,de que a palavra mais capciosa da Língua Portuguesa é o Obrigado, pois quem agradece, está, sempre, querendo repetição: a todos, representados por meu filho Marcel que plantou a idéia na sua coluna em A Notícia , pelos Companheiros Tânia e Carlito, que a fizeram vingar com a cumplicidade do presidente Odir Nunes, sem mais diversidade,

 

Muito, Muito  Obrigado !

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